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Opinião

Os pensionistas, esses subsidiodependentes

O Estado paga as pensões por ser obrigado a retribuir o tempo e valor dos descontos feitos durante a vida de trabalho. Está simplesmente a pagar o que deve

Desconfiarão os pensionistas desta abundância de declarações de amor e de que quem cortou as suas pensões ou anunciou que a sustentabilidade do sistema exigia que elas fossem ajustadas por menos do que a inflação ou, em bom português, um corte real? Em qualquer caso, vale a pena estudar as visões circulantes sobre o regime de Segurança Social e, em particular, os argumentos que mais se ouvem sobre os pensionistas e reformados: são muitos e dependem do Estado, determinando as eleições.

Começo por questionar quantos são. Um editorial de um jornal proclamava, há dias, que são 3.638.367, citando os dados de 2022. Somava-lhes os 738.168 funcionários públicos (2023) para concluir que este universo inclui mais de 4,3 milhões, sendo necessário ainda juntar as suas famílias diretas. Logo, poderia estar aqui cerca de metade da população. O problema é que a conta está mal feita. O que a estatística citada revela é o número de pensões pagas pela Segurança Social e pela Caixa Geral de Aposentações e não o número de pensionistas, que é inferior. A explicação é óbvia, há pessoas que recebem duas pensões (velhice e viuvez, ou da CGA e outra). Nem todos os dados são públicos, mas a diferença será de mais de meio milhão de pessoas.