Há oito anos escrevi o seguinte: o papel histórico da amoralidade de António Costa é provar de uma vez por todas a inviabilidade deste statu quo socialista que sufoca Portugal, quer ao nível do Estado social, quer ao nível da economia, quer ao nível das instituições. Infelizmente, Costa cumpriu esse papel na perfeição. Na economia, estamos a caminho da cauda da Europa a 27. O nosso Estado social está a colapsar. Ao nível das instituições, a era de Costa foi marcada pelo total desrespeito pelas regras escritas e não escritas. Para chegar ao poder, Costa rasgou uma regra não escrita e, pouco depois, chamou para o centro dos negócios do Estado o seu melhor amigo, uma flagrante falta de vergonha. Mas a falta de vergonha não é ilegal nem prova de corrupção. O que me leva à condução do Ministério Público (MP): até agora, a acusação mais grave da história da nossa democracia não tem nada de sólido. Esta acusação é — até agora — uma espécie de criminalização ressentida da atividade económica e política de políticos, advogados, empresários e lobistas. É como se o ressentimento populista da CMTV, do Chega e da extrema-esquerda tivesse o poder do Estado para lançar acusações vagas baseadas na teoria da conspiração, “são todos uns bandidos”, até porque junta demasiada gente diferente no mesmo saco. Há ali gente que tem de facto muita coisa para explicar, mas outras pessoas estão ali de maneira incompreensível. A investigação criminal de um Estado de direito é pesca à linha, não é de arrastão. Se tudo é corrupção, nada é corrupção. Se toda a gente passa pela condição de arguido, então não há lei.
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