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Opinião

O Ministério Público quer fazer o que o eleitorado não fez?

Em 2016, a sociedade portuguesa devia ter seguido aqueles que - como eu - criticaram violentamente a chamada do amigo de Costa, Lacerda Machado, para o centro dos negócios do estado. Mas jornalistas, comentadores, empresários, artistas e ativistas não disseram "não" num uníssono republicano. Ora, quase dez anos depois, esta fraqueza moral e política da sociedade civil, dos média e do eleitorado (que validou duas vezes Costa após a chamada do amigo Lacerda) não se resolve com a criminalização que o ministério público está a fazer

As eleições inevitáveis que temos pela frente serão, sem qualquer dúvida, as piores de sempre em vários sentidos. O consulado de Costa, sobretudo no último ano e meio, foi uma sucessão de casos. A economia não avança. A saúde está à beira de uma catástrofe. As escolas estão a ficar sem professores. E há uma sensação difusa, cínica e errada de que isto é uma choldra, que é tudo uma cambada de bandidos. E, tragicamente, parece-me que esta acusação do ministério público tem dentro de si esta raiva populista contra tudo e contra todos e, por inerência, acaba por dar ainda mais gás ao populismo, até porque não faz aquilo que um órgão jurídico deve fazer: separar bem as águas entre o que é moral/imoral e o que é legal/ilegal. Uma coisa pode ser imoral, mas não é necessariamente ilegal.

Vamos lá ver se nos entendemos.