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Opinião

Os portugueses estão a morrer como nunca

No ano passado, morreram 15 mil portugueses a mais do que seria expectável. Ou seja, os portugueses estão a morrer como nunca. No quadro da democracia não há nada semelhante. É preciso recuar até 1923 para encontrarmos cenário parecido. E, agora, estamos à beira de novo inverno num contexto de crise sem precedentes no SNS. Recordo aqui um pormenor decisivo para os meses que temos pela frente: a taxa de mortalidade de dezembro de 2022 foi 20% superior à média dos dezembros dos últimos 100 anos. É uma calamidade, mas é uma calamidade semiescondida.

Há uma coisa que me incomoda muito na televisão: há um excesso de conversa e há um défice de factos. Às tantas, estamos a ouvir uma conversa entre os sentimentos de um comentador e os sentimentos de outro comentador. Mas onde estão os factos? É um paradoxo: na época em que o acesso à informação factual é mais fácil do que nunca, o debate é mais emocional do que nunca. As emoções substituem os factos.