O que tornou a Europa uma coisa diferente depois de 1945 não foi ter sobrevivido à guerra. Foi ter decidido sobreviver à paz. Assim dito, parece pouco. Mas foi essa a grande diferença. A Europa já tinha sobrevivido a todo o tipo de guerras, mas nunca tinha tentado sobreviver à paz.
Não foi um processo fácil nem linear. Antes de tudo, obrigou a que se esquecesse o passado recente. Esse silêncio foi, como escreveu Tony Judt, a “condição necessária para a construção do futuro”. O silêncio sobre o passado envolveu um processo brutal: milhões de refugiados, deportados e sobreviventes de toda a espécie tiveram guias de marcha. No fim da I Guerra, a maioria das populações tinha ficado onde vivia, depois da II Guerra foi tudo diferente.