Pelo menos desde o fim da pandemia que a crise da habitação se tornou no tema mais recorrente dos meus textos. Está a acontecer em toda a Europa e em boa parte do mundo mais desenvolvido, deixando evidente que não é possível, num mercado aberto e globalizado, permitir que as cidades sejam totalmente financeirizadas. A transformação da habitação num ativo financeiro está a ter efeitos de tal forma devastadores que os Estados terão de reaprender o que há muito tempo deixaram de fazer na Europa e nos Estados Unidos: políticas públicas e regulatórias musculadas.
Cidades geridas pelo mercado são como países geridos pelo mercado. Se o Estado se demite, até para o mercado se tornam um problema.