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Opinião

O grande nacionalismo ocidental de Meloni

Apesar de não ter mudado em relação a direitos humanos, dos imigrantes, das minorias e das mulheres, Meloni atenuou a linguagem antieuropeísta e apoia a Ucrânia. Pensa mais alto do que Orbán ou Morawiecki. Em vez dos "pequenos nacionalismos", centrados nos interesses de cada país, apostará numa aliança pan-europeia para um grande "nacionalismo ocidental"

Anthony J. Constantini, que está a fazer um doutoramento sobre a propagação populista nos EUA, UE e Rússia na Universidade de Viena, publica no “The National Interest”, “Politico”, “The American Conservative”, “National Review” (trabalhou para Comité Nacional Republicano do Senado), tem uma tese que intuo há algum tempo: que o nacionalismo está a mudar a sua natureza. Num artigo no Politico, o autor usa Georgia Meloni como exemplo.

Apesar de não ter mudado uma vírgula no que sempre defendeu em relação a direitos humanos, dos imigrantes, das minorias e das mulheres (digo eu), a primeira-ministra italiana tem sido uma agradável surpresa nos corredores políticos União Europeia. Atenuou a linguagem antieuropeísta, apoia o esforço de guerra contra a Ucrânia (que visitou), distanciou-se do discurso pró-Putin do aliado Salvini e ainda mais da China e da sua Rota da Seda. Tem boas relações com Joe Biden e melhores com Ursula von der Leyen.

Meloni não é Viktor Orbán nem Mateusz Morawiecki, líderes húngaros e polacos. Não governando um dos países de um Leste ascendente, mas a maior potência do sul decadente nesta Europa em deslocação para onde se alargou, dificilmente poderia arriscar o que estes arriscam. Mas é mais do que isso.