Tive uma recaída e voltei a viciar-me em Trump. Resisti ao máximo. Mas no dia em que o 45º Presidente dos EUA se entregou no condado de Fulton, Georgia, para ser acusado de falcatruas eleitorais e para lhe ser tirada a sua mugshot — a infame foto de frente e perfil que regista a entrada como acusado no sistema judicial —, cedi. E consumi. Muito. Porém, quando a imagem foi tornada pública senti-me derrotado. Uma das supostas características da mugshot é que na sua crueza capta o momento de choque em que o fotografado desprotegido e sem filtros se apercebe de que a sua vida mudou para sempre. Há exceções — lá iremos. Mas a foto de Trump mostrava-o em estilo cartaz eleitoral ou mesmo imagem feita por IA. O jogo de luz/sombra realçando a expressão de raiva quase a explodir e o olhar feroz… Argh! Não era nada daquilo que secretamente desejava. Sim, esperava uma imagem que humilhasse, como as mugshots conseguem fazer. Cinco dias depois, já a campanha de Trump-candidato tinha rentabilizado a mugshot em mais de 7 milhões de dólares com parafernália. Mas havia algo magnético e perturbador na imagem que me perseguia.
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