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Opinião

Robert E. Lucas Jr.

Depois de Keynes e depois de Friedman, Lucas foi o intelectual que se seguiu na história da macroeconomia, com maior influência do que qualquer outro nos últimos 40 anos

Morreu nesta segunda-feira Bob Lucas, provavelmente o mais influente macroeconomista dos últimos 40 anos. Das 92 pessoas que já ganharam o Prémio Nobel da Economia, há uma meia dúzia que está acima dos restantes, e Lucas é um deles. No entanto, quem não estudou Economia não deve ter ouvido falar de Lucas. Uma razão talvez seja que Lucas sempre foi orgulhosamente “apenas” um académico. Ele passava os fins de semana na biblioteca e nunca escreveu para jornais ou desempenhou cargos fora da universidade. Lucas ficou conhecido pelos modelos simples que criou e que servem de base na economia moderna. Mas apreciar as ilhas de Lucas, ou a árvore de Lucas, ou a amplitude de controlo de Lucas exige o esforço de algumas aulas e não podem ser capturadas num artigo de jornal. Lucas era um escritor excecional, sobretudo na sua capacidade de usar quer o inglês quer a matemática como linguagens, alternando entre as duas de forma igualmente cativante. Mas ao contrário de alguns comparáveis (Feynman na Física vem à memória) ele nunca escreveu para o grande público.

Lucas ganhou o Prémio Nobel em 1995 pelo seu trabalho no desenvolvimento das “expectativas racionais”. Para tentar explicar as escolhas das pessoas, há muito tempo que a economia considera as motivações dessas pessoas e as restrições que elas enfrentam, derivando qual é o comportamento que segue dessas premissas. Quando julgam teorias, os economistas exigem que a mesma teoria tenha de explicar não só como as pessoas reagem a uma redução do IVA em França em 2023, como também a uma redução idêntica em Portugal ou em França em 2013. Usando a analogia da Física, talvez mais familiar para muitos leitores, a teoria que explica porque é que a minha caneta cai para o chão quando eu a largo tem de se apoiar nas outras leis da Física e tem de explicar as canetas na minha mão ou na sua, hoje ou ontem.