Exclusivo

Opinião

Referendo, a escapatória da cobardia política

Montenegro é incapaz de se comprometer e a escapatória é o referendo. Mais por cobardia do que por convicção, instituiu-se que os temas de “costumes” devem ir a referendo por serem matéria de reserva de consciência. Duas pessoas do mesmo sexo casarem, uma mulher abortar ou um doente terminal querer pôr fim à sua vida de forma digna é matéria de consciência individual. A forma de regular e o papel do Estado são assuntos políticos

Sobre a eutanásia, tenho a posição de sempre: que a vida é um direito, não um dever. E que, em condições claras e limitadas, em que esteja garantida a autonomia da decisão, os cuidados médicos não devem servir para prolongar sofrimento que não pode evitar a morte, mas para abreviar a agonia desnecessária, caso seja essa a vontade de cada um de nós. O direito à eutanásia nasce de uma mudança na forma como olhamos para os cuidados médicos que nascem, por sua vez, de um alargamento do que consideramos serem os direitos humanos. Os cuidados de saúde já não servem apenas para preservar a vida, mas para garantir a qualidade dessa vida. E, mais relevante, nasce da convicção laica de que a vida pertence a cada individuo e não a uma entidade superior.