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Opinião

Comer e não calar

É serviço público mulheres defenderem o direito a estar de corpo inteiro no espaço público, não sendo avaliadas pelos atributos físicos

Há poucas semanas, li uns tweets de Rita Marrafa de Carvalho, jornalista da RTP que estava na Ucrânia a fazer a cobertura da guerra, a dizer que não era magra, mas que estava contente com o seu corpo, que já lhe tinha dado muito, e que nem todos podiam ser bafejados pela sorte genética. Na mesma altura, leio Helena Ferro de Gouveia, administradora e responsável pela comunicação de um grande grupo empresarial, a falar das suas mamas: “Sou uma mulher e tenho mamas. São grandes, mas são as minhas mamas naturais, fazem parte do meu corpo.” Na mesma semana, na sua conta de Instagram, vejo uma foto do rabo da fadista Cuca Roseta, com uns calções curtíssimos, que tinha a seguinte legenda: “Olá eu sou a Cuca Roseta e estas são as minhas nádegas, traseiro, glúteo, rabo ou o que lhe quiserem chamar. Também tenho olhos, boca, braços, mãos, cabelos, etc. Escrevo este post porque (…)”