As teses “revisionistas” do Estado Novo, veiculadas na convenção do MEL, deixaram um lastro muito para lá do encontro, com trocas de mimos entre colunistas. Não me envolvo no conteúdo, que há quem esteja a dar conta do recado melhor do que eu daria. Prefiro discutir as razões da insistência nesta estratégia. Não é por saudosismo que uma parte da direita tem necessidade de encontrar historiadores que, em encontros com fins políticos, e não académicos, recontam a história do Estado Novo. A necessidade de retirar alguma carga negativa a uma ditadura de 48 anos, criando a sensação de mera evolução para o desenvolvimento, lamentavelmente interrompida pelo PREC, é política e presente. E a direita bem podia assumir sem adversativas todo o legado de Abril. Foi o que fez o PPD de Sá Carneiro. Apesar de ter herdado boa parte dos quadros da Ação Nacional Popular, que lhe deram implantação local, na sua cúpula estavam alguns dos que, na ala liberal, combateram a ditadura por dentro. Tinham autoridade para reivindicar parte dos louros da resistência.
Exclusivo
Qual fascismo?
A ditadura foi uma coisa sem nome, morna, sem assassinos, torturadores e censores que atrapalhem as alianças que hão de vir