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Opinião

Geração ‘Cringe’

A vergonha enquanto diferenciação geracional. A timidez enquanto marca civilizacional. Estamos feitos

Levei alguns meses até perceber, mais ou menos, o verdadeiro significado do termo cringe. Vem isto a propósito deste ter entrado no vocabulário dos jovens, ai perdão, da Geração Z, que começou a usá-lo para atacar os seus inimigos figadais (o resto do mundo). Ora, cringe pode ser traduzido por “vergonha alheia” e nada disto seria tema, pois há uma fase da vida que vai da puberdade até à quase-maturidade em que se tem vergonha dos outros, leia-se mais velhos, por tudo e por nada. Notícias antigas. Mas o brado de cringe, senti, era feito como ataque ao Outro. Os sacaninhas não se limitavam a apontar o que consideravam ser “inapropriado” como usavam as “suas” redes sociais para humilhar quem caçavam em supostos momentos cringe. E havia um embate Z vs. Mileniais que refletia o atual estado da guerra de gerações. Entediante. Ainda mais que mete vergonha alheia por uma gostar de Harry Potter (os Mileniais). Se não percebeu nada disto não se rale. Não é importante. Mas neste início de ano, do melhor que vi em redes sociais foi num Instagram chamado Cringe Portugal em que um anónimo se deu ao trabalho de fazer dezenas de stories para elaborar uma Gala Cringe 2020 e eleger, com a participação da votação dos seguidores da página, o momento mais cringe de 2020 numa batalha de vídeos. Ganhou a Rita Pereira no carro, num involuntário momento de alucinação. Ri-me bastante.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.