Boa tarde,
se o fim de semana são, por norma, dois dias, esta semana abrimos uma exceção e damos as boas-vindas ao primeiro de vários fins de semana prolongados. Numa altura em que muitos portugueses aproveitam para sair de casa e passar a Páscoa na praia ou no campo, deixo-lhe várias sugestões para usufruir da melhor forma destes três dias.
É provável que a conheça como cantora-compositora, mas nem só de música se escreve a história de Luísa Sobral. Este ano, a artista de Lisboa, onde nasceu há 37 anos, editou o seu primeiro romance, “Nem Todas as Árvores Morrem de Pé”. E se é verdade que, tendo já um perfil público, lhe seria mais fácil entrar no mundo dos livros, como a própria reconhece em entrevista no podcast Posto Emissor, Luísa Sobral não quis escrever uma história qualquer.
Partindo do caso real do suicídio de um casal de idosos alemães, radicados em Vila Real, que em 2022 lhe inspirara já a canção ‘Maria Feliz’, a autora lançou-se num exercício de pesquisa histórica e criatividade para imaginar o que teria sido a vida daqueles anciãos reservados, mas muito estimados na comunidade, nas décadas que antecederam a sua vinda para Portugal. O resultado é uma viagem pelos “50 anos mais tristes da história da Alemanha”, tendo por cenário marcos históricos como a ascensão de Hitler e a construção, e queda, do muro de Berlim.
Entre capítulos, Luísa Sobral partilha pequenos poemas, ou aforismos, acompanhados de ilustrações de plantas, paixão que partilha com uma das protagonistas do seu primeiro romance - sim, porque o segundo já está a ser cozinhado. De leitura simples mas significado profundo, “Nem Todas as Árvores Morrem de Pé” é uma boa opção de leitura para o fim de semana da Páscoa, época associada, por crentes e não só, à ideia de renovação e recomeço, na natureza e nos humanos.
“Quando o escuro se faz na sala de cinema e o ecrã se ilumina, a expectativa é sempre ‘conta-me uma história’, mas lá no fundo o que se quer é que haja deslumbramento, essa coisa, como o amor, impossível de definir, mas reconhecível assim que acontece” - as palavras inspiradas são de Jorge Leitão Ramos, cinéfilo dos sete costados e um dos mais longevos críticos de cinema do Expresso, que nas páginas da nossa revista lhe explica porque é que não deve perder o grande cinema de “Cão Preto”, do coreano Guan Hu, premiado em Cannes e em exibição nas salas portuguesas.
Em casa, por onde passam muitas das séries da nossa vida, sobretudo quando o sol não sorri, já pode ver a segunda temporada da apocalíptica “The Last of Us” e a sétima ‘season’ de “Black Mirror”, a distopia de Charlie Brooker que cada vez mais se confunde com a realidade.
Nos palcos, deixo duas propostas a norte: no sábado, Ana Lua Caiano, uma das mais aclamadas jovens criadoras de Portugal, atua na Casa da Música, no Porto, com a Orquestra Jazz de Matosinhos, que nos últimos anos encetou inventivas colaborações com músicos como Rui Reininho, Manuela Azevedo ou Sérgio Godinho. A partir de hoje e até sábado, o festival Walk & Dance, em Freamunde, recebe artistas como Benjamim, Legendary Tigerman e David Bruno, entre muitos outros.
Se preferir uma programação mais condizente com o espírito da época, que nada lhe falte: de Mozart a Bach, das missas fúnebres às Paixões, eis uma história da música que documenta a Semana Santa. E um roteiro musical dos próximos dias de norte a sul,.
Abaixo pode encontrar esta e outras sugestões para o primeiro grande fim de semana prolongado do ano. Goze-o bem e, se quiser, use o meu e-mail para nos mandar postais com novidades e (outras) propostas de cultura e lazer.