Bom dia! De Rui Costa a João Diogo Manteigas, e até um outro João, Noronha Lopes, não faltam candidatos. Todos querem ser presidente. Mas deixemos a águia Vitória pousar, enquanto José Mourinho brilha no regresso à Luz, para nos ocuparmos de outras corridas. Para Belém não bastaria um táxi para albergar todos quantos aspiram a suceder a Marcelo Rebelo de Sousa. Henrique Gouveia e Melo é um deles e esta quarta-feira teve a oportunidade, na SIC, de explicar ao que vem.
O almirante na reserva, figura de proa na pandemia de Covid-19, e um dos mais precoces protagonistas na corrente campanha presidencial, afirmou na SIC que almoçou com André Ventura para “esclarecer posições”, confirmar que entre os dois “não há interseções” e proclamar que “não é de fações”. Após esse almoço o presidente do Chega anunciou que vai a jogo nas presidenciais, no que definiu como “uma luta do sistema contra o antissistema”. Mesmo se a persistente liderança unipessoal, suportada por mais de 1,4 milhões de votos, vai ganhando os contornos cada vez mais nítidos de uma peça relevante do dito sistema e da arquitetura de poder que condiciona e influencia a decisão política. A candidatura de Ventura é aqui analisada por Francisco Mendes da Silva e Daniel Oliveira.
Gouveia e Melo, auto-intitulado “tribuno de todos os portugueses”, também comentou na SIC que, além de almoçar com Ventura, jantou com Luís Marques Mendes, faltando, porém, esclarecer a opinião pública e publicada sobre com quem lanchou e, ainda, com quem tomou o pequeno-almoço. Afirmando-se como “o candidato do centro e não dos extremos”, não enjeitou apoios à esquerda e à direita. Defendeu a estabilidade da governação e concedeu que a geringonça foi “a democracia a funcionar”.
De Gouveia e Melo a Ventura, de António Filipe a Seguro, de Catarina Martins a Joana Amaral Dias, não faltarão em janeiro de 2026 opções aos portugueses, na ressaca de umas eleições autárquicas que poderão dar um outro colorido ao poder local. O Partido Socialista deverá formalizar o seu apoio a António José Seguro a 19 de outubro, mesmo se entre alguns destacados militantes socialistas não abunda um pensamento enérgico em torno do nome (consegue adivinhar quem afirmou, há um mês, “votaria em António José Seguro… mas sem qualquer entusiasmo”?).
O quadro de candidaturas presidenciais está fragmentado. À direita, Luís Marques Mendes vai trilhando o seu caminho. Numa das ações mais recentes piscou o olho às comunidades portuguesas no exterior, depois de Francisco Pinto Balsemão (fundador da Impresa, dona do Expresso e da SIC) ter apelado aos militantes do PSD para “cerrarem fileiras” em torno de Marques Mendes e ter admitido que “não vai ser fácil a missão” de eleger o candidato apoiado por Luís Montenegro.
E não vai mesmo. Nas próximas semanas o Governo intensificará os trabalhos para a apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2026. Enquanto isso, todas as forças políticas concentrarão esforços na campanha para as eleições autárquicas de 12 de outubro. O previsível reforço do Chega no poder local não deixará de suscitar uma leitura nacional da força de Ventura, agora convertido em candidato presidencial e dificultando as ambições de quem, apoiado pelo PS ou pelo PSD, aspire a disputar uma segunda volta para Belém.
Esta quarta-feira, depois de incendiar os ânimos no Parlamento ao visitar de surpresa a manifestação que juntou milhares de imigrantes em Lisboa, André Ventura reuniu-se com o primeiro-ministro para declarar que está a ser feito “um caminho de responsabilidade”. Hoje Luís Montenegro receberá em São Bento o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro. E pouco depois Carlos Moedas apresenta o seu programa eleitoral na corrida a um novo mandato à frente da Câmara de Lisboa. Não faltam candidatos. Abundam potenciais presidentes. Mas também não faltam outros pontos de atualidade a ter em conta. Eis alguns deles.
OUTRAS NOTÍCIAS
Autárquicas. A corrida à Câmara do Porto começou com contestações judiciais que tentaram travar Filipe Araújo, Nuno Cardoso e António Araújo. Entre acusações de “bullying” político e “hipocrisia”, a sucessão de Rui Moreira mostra-se conturbada.
Fundos europeus. As eleições autárquicas poderão atrasar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em áreas e projetos como a renovação de escolas e a oferta de habitação, avisa o presidente da Comissão de Acompanhamento do PRR, Pedro Dominguinhos.
Juros. A Reserva Federal dos Estados Unidos da América decidiu esta quarta-feira cortar as taxas de juro de referência em 25 pontos-base. Mas persiste uma elevada incerteza sobre o futuro. “É difícil saber o que fazer”, confessou o presidente da Fed, Jerome Powell.
Incêndios. O Parlamento aprovou a criação de uma comissão técnica independente sobre os incêndios, num debate tenso e ruidoso.
Atletismo. Numa corrida de trás para a frente, o português Isaac Nader superou o britânico Jake Wightman no photo-finish. Foi a primeira medalha da comitiva portuguesa nos Mundiais de Tóquio.
Futebol. No Benfica Bruno Lage está de saída e José Mourinho regressa à Luz mais de duas décadas depois. O clube vai a eleições a 25 de outubro, numa disputa com meia dúzia de candidatos que está a animar os adeptos encarnados.
FRASES
“Este pacote laboral é só um retrocesso. É um pacote que se intitula, de forma um bocadinho provocatória, Trabalho XXI. No fundo, é Trabalho XXI à moda dos direitos de trabalho do século XIX”
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, em declarações à agência Lusa
“Não identifiquei nenhuma situação, nem no serviço de dermatologia nem noutro”
Ana Paula Martins, ministra da Saúde, esta quarta-feira, no Parlamento
“A situação humanitária em Gaza é catastrófica e inaceitável. É urgente um cessar-fogo imediato”
António Costa, presidente do Conselho Europeu, numa mensagem nas redes sociais
PODCASTS
Expresso da Manhã. Ana Paula Martins esteve no Parlamento a responder aos deputados da oposição, que não a pouparam por causa dos problemas que acumula no INEM ou nas urgências de obstetrícia. Paulo Baldaia conversa com a jornalista do Expresso Vera Lúcia Arreigoso.
Tempo ao Tempo. A Revolução Francesa teve um impacto extraordinário no curso da história. A partir do dia da Festa do Génio, efeméride que se comemora hoje, Rui Tavares revela um aspeto particular, singular e literal desse impacto no tempo, que talvez passe despercebido para a maioria: o calendário.
Economia Dia a Dia. O que podemos esperar de Álvaro Santos Pereira na liderança do Banco de Portugal. O futuro governador falou no Parlamento do que tenciona (e não tenciona) fazer na instituição. Conheça o essencial da intervenção.
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