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Logo à noite há debate capital na SIC: a tragédia da Glória e os outros temas obrigatórios

O debate desta noite será a quatro

Boa tarde,

A ERC decidiu, será cumprido: a entidade reguladora da comunicação social deu razão à queixa do PCP e, na prática, proibiu os frente-a-frente autárquicos que estavam previstos para a antena da SIC, sobre Lisboa e Porto. Isto levou ao cancelamento do debate na Invicta e à reconfiguração do que hoje será transmitido, a partir das 21h, sobre a capital. Para dançar este tango serão preciso quatro: além dos favoritos Carlos Moedas, pela coligação de direita, e Alexandra Leitão, pela coligação de esquerda, vão participar João Ferreira, do PCP, por imposição da própria ERC, e Bruno Mascarenhas, do Chega, por decisão editorial da estação.

As estratégias que os dois principais adversários teriam planeado no início do mês tiveram de ser ajustadas depois do acidente do Elevador da Glória, que provocou 16 mortos e entrou como um furacão no debate autárquico, colocando sob pressão a liderança de Moedas. O autarca deve agarrar-se à obra feita e à ideia de que decisões de 2018, no tempo de António Costa, podem ter influenciado o acidente. Já Leitão parece querer apresentar-se com a tónica na moderação, recusando pedidos de demissão do presidente da Câmara, mas criticando a gestão municipal, sobretudo no transporte, urbanismo e habitação.

João Ferreira, vereador e candidato da CDU, promete atacar PS e PSD pela governação da cidade e pelo desinvestimento que, diz, fragilizou serviços públicos essenciais. Bruno Mascarenhas, pelo Chega, segue uma estratégia semelhante: atacar os dois partidos tradicionais pela partilha de poder em Lisboa.

O debate servirá também para confrontar visões sobre transportes, habitação e espaço público. Moedas defende a gratuitidade parcial dos transportes e o arranque dos túneis de drenagem, enquanto Leitão contesta números e acusa-o de “reescrever a história”, sublinhando que grande parte dos projetos vinha já dos executivos de Costa e Medina. Na habitação, Moedas anuncia 2700 chaves entregues e projetos para jovens, mas Leitão acusa-o de ter tornado Lisboa mais cara e inacessível.

Com a entrada de PCP e Chega, Leitão perde o cenário de bipolarização que lhe permitiria afirmar-se como única adversária de Moedas, mas irá provavelmente tentar posicionar-se ao centro. E no centro de tudo estará o elevador da Glória, que veio acrescentar ainda mais tensão a um debate que já seria, de qualquer forma, quente: com cenários difíceis nas presidenciais, PSD e PS apostam muito nas autárquicas e Lisboa e Porto, claro, são os troféus que mais cobiça despertam.

Até amanhã.