Boa tarde,
Eis um caso que fez correr muito tinta há pouco mais de um mês, aquando da demissão de António Costa, mas que se foi diluindo na espuma dos dias: depois de a Comissão de Ética do Banco de Portugal ter garantido que Mário Centeno não fez nada de reprovável no caso do alegado convite/sondagem/conversa (risque o que não interessar) para que o ex-ministro das Finanças chefiasse um governo suportado pela maioria socialista no Parlamento, chega agora a sentença europeia. E, sem surpresas, é praticamente a mesma: o Comité de Ética do Banco Central Europeu conclui que convite do ainda primeiro-ministro “não comprometeu a independência” de Centeno.
Encadeando as notícias dos nossos melhores exclusivos desta sexta-feira, voltamos à Operação Influencer: como o Expresso já tinha noticiado há três semanas, e para evitar um megaprocesso, o Ministério Público formalizou agora a decisão de dividir as suspeitas deste caso, que envolve membros do Governo. Os três processos são relativos ao Centro de Dados de Sines, ao negócio do lítio e ao hidrogénio verde. Os advogados continuam sem poder consultar os 20 volumes do caso.
Na política pura e dura, Carla Castro, da Iniciativa Liberal, não vai ser deputada na próxima legislatura, depois de lhe ter sido oferecido pela direção um lugar, por Lisboa, entre o 7.º e o 5.º da lista. Tendo em conta que os liberais elegeram quatro deputados em 2022, é bastante provável que não fosse eleita – e tinha sido número dois há dois anos, logo depois do ex-líder João Cotrim Figueiredo. É difícil desligar esta “despromoção” do facto de Carla Castro ter disputado a liderança com Rui Rocha, em janeiro – isto num partido que se tenta sempre distanciar de jogos de poder internos que associa aos “partidos tradicionais”. De ontem, fica ainda este exclusivo sobre “transferências de inverno” dos liberais para o Chega.
Claro que hoje o dia é marcado pelo arranque da votação nas diretas do PS, que terminam apenas amanhã. Das últimas horas temos para lhe oferecer uma entrevista ao candidato “discreto”, Daniel Adrião – e ontem, no jantar de Natal dos deputados do PSD, o líder Luís Montenegro aproveitou para lançar umas bicadas aos socialistas, especialmente a Pedro Nuno Santos.
Foi aprovada hoje, no Parlamento, a lei que define as medidas com as quais as escolas devem garantir o direito dos jovens à autodeterminação da identidade e expressão de género. A polémica não deve ficar por aqui naquela que também é conhecida como a “lei das casas de banho” – isto porque as escolas devem garantir que a criança aceda às instalações sanitárias e balneários de acordo com o género com que se identifica.
Ainda cá dentro, Carlos Moedas congratulou-se com o facto de a taxa turística passar a ser também paga pelos turistas que chegam a Lisboa em navios de cruzeiro, a partir do próximo ano – e garante que as receitas vão sobretudo para “higiene urbana”. Ainda na capital, não se sabe se a histórica livraria Ferin – a segunda mais antiga da cidade – vai voltar a abrir.
Lá fora, voltamos à encenada “conferência de imprensa” de Vladimir Putin, em que respondeu a perguntas de cidadãos e jornalistas, mas num ambiente mais do que controlado. Para além dos lugares comuns, olhamos para as entrelinhas do discurso e para o contexto político russo – as eleições de março serão o passeio, mas isso não quer dizer que o Presidente não tenha muito em que pensar. Não imaginamos Putin por lá, mas, por causa de outra guerra, a organização do Festival da Eurovisão de 2024 está a ser alvo de muitas críticas, porque a participação de Israel foi aceite.
Deixamos-lhe um pouco de música, com canções dos 30 anos de carreira de Miguel Gameiro. E, na Tribuna, damos palco ao melhor marcador da Liga portuguesa, o bracarense Simon Banza, e ao primeiro campeão do UFC (a maior competição de artes marciais mistas do mundo), Royce Gracie.
Como diria o camarada José Cardoso – agora em “férias definitivas” –, boas leituras, um bom resto de dia e um excelente fim de semana, com ética, democracia e justiça.