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Uma vez por mês, à terça-feira, o SER traz-lhe um tema-chave sobre o meio ambiente, com contexto, notícias relevantes e dicas práticas para facilitar a sua jornada “verde”. Hoje, falamos sobre a mobilidade elétrica e o seu papel na transição para um futuro mais sustentável.
Um novo rumo para a mobilidade
Descrita como game changer no combate às alterações climáticas, a mobilidade elétrica é hoje encarada como um passo crucial para o cumprimento das metas de neutralidade carbónica. Ao substituirmos motores a combustão por soluções movidas a eletricidade, não só estamos a melhorar a qualidade do ar nas cidades, como a reduzir as emissões de gases com efeito estufa (GEE).
Atualmente, os transportes representam cerca de 25% das emissões de GEE na União Europeia, segundo a Agência Europeia do Ambiente (AEA). Em Portugal o valor é ainda mais elevado: mais de 28% do total das emissões produzidas. António Pires de Lima, presidente cessante do Business Council for Sustainable Development Portugal (BCSD), já disse ao Expresso que o país precisa de mais ambição nesta matéria.
A boa notícia? A eletrificação dos transportes já está em marcha por toda a Europa e são cada vez mais as pessoas que trocam os combustíveis fósseis pela energia elétrica (a chamada transição energética)… e não apenas nos carros. Acresce que a mobilidade urbana está também a beneficiar de bicicletas, trotinetes, autocarros e comboios mais eficientes e com emissões zero.
Portugal acelera a fundo na eletrificação
Em 2024, o número de carros 100% elétricos em circulação em Portugal ultrapassou os 190 mil, representando mais de 20% das novas matrículas de ligeiros de passageiros, segundo dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) e compilados pela UVE - Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos. Já no primeiro trimestre de 2025, foram matriculados mais 19.160 veículos movidos exclusivamente a eletricidade.
Este crescimento tem sido impulsionado por incentivos fiscais, como a isenção do pagamento do Imposto Sobre Veículos (ISV) e do Imposto Único de Circulação (IUC); apoios à compra, com incentivos que podem chegar aos 4 mil euros por beneficiário; e uma rede de carregamento em expansão.
A Mobi.E, empresa responsável pela gestão da rede pública de carregamento de veículos elétricos, diz que existem atualmente mais de 6225 postos de carregamento em território nacional, com 11.573 tomadas. A maior concentração é em áreas urbanas, mas o objetivo é expandir gradualmente para zonas do interior.
Ao mesmo tempo, crescem as soluções de carregamento doméstico e empresarial que facilitam a adoção em larga escala. E também nesta área a inteligência artificial ganha terreno.
Eletrificação com avanços, mas com desafios
O Parlamento Europeu (PE) aprovou, em fevereiro de 2023, o fim da venda de veículos novos com motor de combustão interna a partir de 2035. A medida faz parte do pacote climático “Fit for 55” e tem como objetivo reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) de veículos novos em 55% até 2030 e atingir a neutralidade carbónica até 2050.
No início deste mês, contudo, o PE aprovou a flexibilização de medidas para os fabricantes de automóveis, no que respeita à emissão de CO2, dando mais tempo às construtoras de automóveis para se adaptarem e reduzirem a possibilidade de pagarem multas pesadas por incumprimento.
Não obstante os avanços legislativos, há desafios que persistem no que toca à eletrificação. A produção de baterias, por exemplo, exige matérias-primas como o lítio, cobalto e níquel, cuja extração levanta preocupações ambientais e sociais. E a origem da eletricidade utilizada para carregar os veículos também conta: um carro elétrico só será verdadeiramente “verde” se a energia que o alimenta for limpa.
Do lado dos consumidores, existem ainda dúvidas quanto à autonomia dos veículos, aos tempos de carregamento e à cobertura da rede elétrica. Para ajudar a esclarecer algumas destas questões, o Expresso comparou dois modelos de carros que oferecem ambas as motorizações (elétrico e gasóleo). Leia aqui as conclusões.
Outro tema que tem marcado a atualidade são as novas regras propostas pelo Governo para a mobilidade elétrica, que, a avançarem, acabam com a separação entre operadores de carregamento (OPC) comercializadores de energia (CEME). Isso permitirá que os OPC definam livremente os preços e deixem de ser obrigados a disponibilizar tarifários de vários CEME nos seus postos públicos.
Como podemos ser parte da solução?
- Opte por transportes públicos elétricos sempre que possível (autocarros, metros e comboios com zero emissões já fazem parte do nosso dia a dia);
- Considere alternativas de mobilidade como bicicletas e trotinetes elétricas, especialmente em deslocações na cidade;
- Partilhe viagens ou utilize serviços de carsharing elétrico (reduzir o número de carros em circulação é tão importante como mudar o tipo de combustível);
- Instale, se possível, painéis solares em casa para carregar o seu carro com energia limpa e reduzir a dependência da rede pública;
Exclusivo Expresso: um suplemento dedicado à mobilidade elétrica
O Expresso preparou, há uns meses, um suplemento especial dedicado exclusivamente ao tema da mobilidade elétrica. Eis os artigos que não pode perder:
- O futuro sobre rodas, baterias e incerteza
- “Engarrafamento na infraestrutura de carregamento pode ameaçar o sucesso da mobilidade elétrica", diz Nuno Ribeiro da Silva
- A indústria automóvel está doente, os sintomas são vários e a cura pode ser violenta
- Consumo de energia associado aos veículos elétricos irá disparar até 2030
- Aposta na mobilidade elétrica deixa Portugal bem posicionado na Europa
Cada gesto, por mais pequeno que seja, conta para criar um futuro mais “verde”. A newsletter Expresso SER regressa à sua caixa de correio no próximo mês, com mais dicas e informação. Para sugestões ou comentários, contacte-me através de: mcdias@expresso.impresa.pt
Até lá, boas leituras e práticas sustentáveis!