Expresso Olha, nem sei

Mulheres: a trabalhar de graça até ao final do ano

Boa tarde!


Se o leitor é homem, continua a receber pelo seu trabalho até ao final do ano. Se a leitora é mulher, é bem provável que esteja a trabalhar de graça até ao final do ano. Não é uma piada, é uma realidade.


No passado dia 14 de novembro, assinalou-se o Dia Nacional da Igualdade Salarial. Este dia, que ainda não é de festa, varia todos os anos, conforme a desigualdade salarial entre géneros em Portugal, sendo que, claro, são as mulheres que ganham menos pelo mesmo emprego.


Os dados mais recentes mostram que a disparidade salarial entre homens e mulheres, nos mesmos cargos, em Portugal, corresponde a 48 dias de trabalho — uma diferença de 13,1%. Tal significa que a partir do 14 de novembro de 2023 até ao final do ano, as mulheres estarão a trabalhar de graça.


Ora, não é novidade nenhuma que, a somar a este panorama, em famílias de casais heterossexuais, o trabalho doméstico e de cuidados informais continua a recair maioritariamente nas mulheres, sendo que 80% das famílias monoparentais em Portugal são suportadas pelas mães.


Para além disso, os dados oficiais da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego mostram que estas “discrepâncias se acentuam à medida que as classificações e responsabilidades aumentam”, ou seja, em cargos de maior poder de decisão: mulheres em cargos de topo ganham menos 593,3€ do que os homens.


48 dias de graça.

48 dias não pagos.

Estamos em 2023.

E ainda dizem que já não precisamos de Feminismo.


Se tem uma empresa, prime pela igualdade salarial entre todos os géneros nos mesmos cargos, pela justiça, pela equidade.


Votos de um bom resto de semana de trabalho pago,

Clara


Expresso Olha, nem sei