Bom dia,
seja bem-vindo à sua newsletter da campanha eleitoral. Campanha muito marcada nestes dias por tudo o que tem acontecido a Luís Montenegro e à sua AD. Da sensação de insegurança e a ligação à imigração, trazida por Passos Coelho. À ideia de novo referendo sobre o aborto, trazida por Paulo Núncio (número dois do CDS), o presidente do PSD anda pelo país a cumprimentar pessoas mas parece passar o tempo a responder aos jornalistas, afadigando-se em tentar travar sucessivas polémicas internas, a fazer controlo de danos, a corrigir rumos.
Como se não bastasse, esta quarta-feira, foi alvo da sua “Marinha Grande”, ao ser atacado com tinta verde por um ativista climático, quando visitava a BTL, em Lisboa. Uma acção rapidamente criticada por todos os dirigentes partidários
[PSP vai reforçar a segurança dos candidatos às legislativas]
Se olharmos para o copo de uma forma, a campanha da AD anda entretida em polémicas internas e a falar pouco do país e mais para os próprios pés. Mas talvez também se possa olhar para o copo de outra forma: Montenegro reagiu de forma serena e civilizada ao ataque de que foi alvo. Montenegro foi firme ao pôr ponto final na polémica aborto, deixando claro que é ele quem manda e que o tema não vai ser reaberto.
Dito de outra forma: será que o facto de se falar muito de Montenegro é mau para ele (polémicas, questínculas questões laterais) ou até pode ser positivo numa caminhada que quer que seja coroada com a chegada a São Bento (só se fala dele, até responde bem, demonstra firmeza, etc)?
De referir ainda que ter uma campanha eleitoral marcada por sucessivos casos e episódios está longe de ser inédito. Eu diria mesmo que é o mais comum. Ainda se lembra de como há dois anos, por exemplo, se andou a falar do Zé Albino? Não se lembra? Pista: era um felino.
Se está a ler este texto à procura de uma resposta, a melhor que lhe consigo dar é esta: tal como os melões, que só sabemos se são bons quando os abrimos, numa campanha só no domingo das eleições é que vamos perceber qual das tónicas foi mais marcante.
Interessante ainda a sondagem da Universidade Católica, que dá 25% à AD e 20% ao PS, sem distribuição de indecisos. E que mostra que o número de indecisos continua anormalmente elevado nesta altura.
(a propósito deste ponto, uma nota adicional: esta sexta-feira tem nas bancas mais uma edição do Expresso semanário e desta vez com a sondagem Expresso/SIC feita pelo ICS e ISCTE, com a intenção de voto e todos os outros dados relativos à eleições - esta será a última sondagem que fazemos até dia 10)
Outra nota das últimas horas de campanha foi a “aparição” ou “ressurgimento” do até aqui particularmente muito discreto Marcelo Rebelo de Sousa. Que não só apareceu como disse mesmo que por ele, já bastava de campanha, que está esclarecido e que vai vontar já neste domingo (mais abaixo perceba como).
[Campanha já é suficiente para Marcelo: “Eu estou esclarecido e vou votar antecipado”]
E já que falei de um ‘não candidato’, falo também de outro. António Costa, noticiou-se ontem, já começou as ‘aulas’ na Católica rumo à sua nova vida profissional, em centros de arbitragem.
Deixo-lhe ainda alguns dos principais textos de campanha (além dos já referidos acima) da autoria da nossa vasta equipa que anda em reportagem pelo país:
Pedro Nuno enfrenta sombras vindas da campanha laranja (e a porta fechada de um centro social)
Moedas com a AD exige direito a falar do "caos na imigração”: quem vem precisa de “ter contrato de trabalho” para “viver com dignidade”
Ventura propõe pacto para imigração à direita com discursos em que omite as suas ideias mais controversas
Ventura faz apelo ao "voto de protesto" num "país cansado de tachismo"
Habitat natural da Iniciativa Liberal, em Lisboa Rui Rocha tentou fugir à tinta verde para disseminar uma marca azul turquesa
“Foi sempre o voto no BE que abriu caminhos”: Mariana Mortágua reclama vitória no aborto que “não volta atrás” e ataca voto útil
“É jovem, não desanime se não tiver a pontuação desejada”: Paulo Raimundo “traz novidade”, mas pode não ser suficiente para o voto
Hoje é dia 29 de fevereiro. Estamos a pouco mais de uma semana das eleições e termina o prazo para se inscrever antecipadamente, já no próximo domingo, se assim o desejar. Pode ir a www.votoantecipado.pt e inscrever-se. Depois, é ir votar já domingo, no concelho que entender, indicado onde está inscrito. (eu já o fiz, by the way).
Se gosta de saber da agenda de campanha dos candidatos, fique a saber que esta quinta-feira Pedro Nuno Santos vai andar por Vendas Novas, Évora e Portalegre (o distrito que menos deputados elege). Luís Montenegro prefere parar em Ansião, Ourém, Leiria e Rio Maior. Mais a norte, André Ventura estará em Macedo de Cavaleiros e na Guarda. Viseu e Covilhã são as paragens de Inês Sousa Real.
Mais a sul, vários dos candidatos têm paragens na região de Lisboa: Rui Rocha fica pela capital e por Setúbal. Paulo Raimundo também anda por Lisboa, além de Loures. Também em Lisboa estará Mariana Mortágua, que termina no entanto o dia num comício em Leiria.
Rui Tavares será o que ruma mais a sul, com campanha em Faro e Beja.
Quanto a mim, vou andar aqui pela redação, que hoje é dia de fecho do Expresso. Boas leituras para si, caro leitor e boa reflexão, se ainda for o caso.