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Fecundidade: o futuro das gerações futuras

Não é uma boa notícia, mas não podemos dizer que seja inesperada: em 2050, apenas 49 países terão um índice de fecundidade suficiente para substituir as suas gerações.

Esta é a conclusão do estudo “Global fertility in 204 countries and territories, 1950–2021, with forecasts to 2100: a comprehensive demographic analysis for the Global Burden of Disease Study 2021”, publicado na semana passada na revista The Lancet, e noticiado pelo Expresso.

Na era da transição demográfica, do envelhecimento da população mundial e da longevidade, a maioria dos países que deverão superar o índice de 2,1 – correspondente ao valor de referência que permite substituir as gerações – situam-se em África, Ásia e Oceânia. A Europa, o velho continente, continuará velho e sem perspetivas de regeneração. Portugal situa-se abaixo da média da UE (1,53 filhos por mulher em idade fértil), com uma média de 1,53.

Alguns fenómenos ajudam a compreender a estatística. Demógrafos acreditam que a dificuldade em conciliar o trabalho com as tarefas domésticas está entre as principais causas para esta dinâmica. Se em 1960 o índice de fecundidade rondava os 3,19 filhos, em 2022 este número caiu para menos de metade (1,43) e a previsão é que em 2050 desça para os 1,27. Dados que levantam questões sobre as quais todos nos devemos debruçar: qual o futuro da segurança social no contexto do seu compromisso de gerações? Como será o trabalho e a reforma? Que será feito da economia?

País para velhos

Portugal é atualmente o quarto país mais envelhecido do mundo.

Cerca de 25% da população tem mais de 65 anos, praticamente a mesma percentagem da faixa etária entre os 0 e os 24 anos. Investigadores e demógrafos consideram que a imigração será determinante para equilibrar o rácio entre reformados e população ativa. Mas os fluxos migratórios não se resumem apenas à força de trabalho. Há fenómenos que emergiram com o aumento do turismo: a imigração de quem quer viver a reforma no nosso país. Talvez isso explique a escolha de Portugal para a construção do primeiro resort do mundo para o envelhecimento.

Com um investimento superior a mil milhões de euros, o projeto da Life Plan Resorts vai contar com 1400 acomodações de várias tipologias. Uma herdade com 510 hectares na Reserva Natural do Estuário do Tejo, em Benavente, onde se pretende criar uma comunidade de luxo para maiores de 55 anos. Além de habitação que promove a independência dos residentes, o espaço pretende proporcionar cuidados de saúde de qualidade e atividades que favorecem o envelhecimento ativo e a socialização.

Em entrevista ao Expresso, Jack Shevel, fundador e presidente da empresa responsável pelo projeto, resume a ideia numa frase: “não é para morrer, é para celebrar a vida”. Além das referidas 1400 unidades de alojamento, terá 260 camas de cuidados continuados, um hotel com 60 quartos e alojamento para 300 funcionários. E porquê a escolha de Portugal? “Para mim, é muito mais do que o clima, do que o baixo custo de vida, do que a gastronomia. Portugal tem outros diamantes em bruto. Os recursos de cuidados de saúde são de alta qualidade e na tecnologia tem operadores de classe mundial.

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