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Longevidade: que balanço?

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Estamos a dois dias da noite de Natal e a pouco mais de uma semana da passagem para 2024. A quadra é propícia a um balanço sobre como o país tem lidado com a transição demográfica. Recordemos alguns dados fundamentais: Portugal é atualmente o terceiro país mais envelhecido da Europa, e o quarto do mundo.

Vinte por cento da população tem hoje 65 anos ou mais, e prevê-se que nas próximas três décadas o cenário se agrave: até 2050, o número de pessoas com acima dos 60 anos deverá rondar os 40%. Um dado curioso: desde o ano 2000, o número de centenários aumentou 78%.

É certo que aumento da Esperança Média de Vida será sempre uma boa notícia, mas importa que o envelhecimento seja acompanhado de mais saúde – o que, claramente, não é o nosso caso.

Se compararmos Portugal com os restantes países da União Europeia, concluímos que o país está muito abaixo da média no que respeita aos anos de vida saudável depois dos 65: enquanto há países onde os cidadãos vivem 12 anos sem doenças, Portugal fica-se pelos sete, e a média europeia está fixada nos 10 anos.

Ao problema demográfico soma-se outro: o da sustentabilidade. Temos atualmente 183 idosos por cada 100 jovens, um dado que cria desafios enormes não apenas à sociedade como ao sistema de segurança social, economia, saúde, educação – trata-se, pois, de um desafio transversal.

Impõe-se uma pergunta: o que tem sido feito? Este ano, durante uma reunião do Conselho Consultivo deste projeto Expresso, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, anunciou a criação do Centro de Competências para o Envelhecimento Saudável e Ativo. Além disso foi também criado um Plano de Ação com um financiamento de €400 milhões no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência e da Agenda Portugal 2030.

Foi ainda criada uma Estratégia para o Envelhecimento Ativo para a promoção da saúde e prevenção da doença. Os trabalhos já arrancaram sobretudo no que respeita ao Centro de Competências de Envelhecimento Ativo, cuja missão é dar resposta à falta de qualificação de profissionais que trabalham na área do envelhecimento – cuidadores formais e informais.

Preconceito e dinheiro

Após quase dois anos do projeto Expresso Longevidade, o tema ganhou relevância e novas palavras entraram no léxico português. Idadismo – o preconceito em função da idade – foi uma delas. E por falar em preconceito, importa lembrar que ele existe, por exemplo, no trabalho.

Claro que há exceções, como as histórias que lhe contámos neste artigo, porque a verdade é que o talento e a experiência não têm idade. A própria OMS tem em curso uma campanha para combater este preconceito, possível de ser traduzido em números: a nível global, uma em cada duas pessoas tem atitudes discriminatórias em relação aos mais velhos e, na Europa, uma em cada três diz ter sido vítima de discriminação.

Por surgiram associações como a Stop Idadismo ou a Cabelos Brancos. Há, certamente, um longo caminho a percorrer, e importa lembrar que a chamada economia prateada não é nenhuma fatalidade, mas antes uma oportunidade. É por isso que os especialistas defendem cada vez investimento nestas faixas etárias.

Para termos uma ideia, só em 2020 a população acima dos 50 anos gastou gastou €15 biliões em produtos ligados à saúde e bem-estar. E a Comissão Europeia estima que, em 2025, a economia prateada deverá valer qualquer coisa como €3,7 triliões.

Talvez seja caso para dizer que os idosos são o futuro.

Feliz Natal.

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