Caro leitor,
Aqui está mais uma edição da newsletter de Economia do Expresso exclusivamente dedicada aos Fundos Europeus.
Trago-lhe as notícias mais relevantes sobre o tema, assim como dicas e oportunidades para que consiga tirar o máximo proveito dos apoios da União Europeia.
Em retrospetiva
Setembro ficou marcado pela pressão crescente sobre o calendário do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com a aproximação das eleições autárquicas a levantar riscos de atrasos em projetos municipais de educação, habitação, cultura e floresta.
A Comissão Nacional de Acompanhamento do plano alertou para possíveis derrapagens de dois a três meses e o Governo criou o Instrumento Financeiro para a Inovação e Competitividade, um fundo de salvaguarda que redireciona verbas de projetos falhados, garantindo as metas junto de Bruxelas.
O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, avançou que vai reprogramar novamente o PRR e o Portugal 2030 - promete que nenhuma verba será perdida, mas a oposição lembra que apenas 40% do plano foi executado e que 20% dos projetos estão classificados como críticos. Já o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, confirmou a retirada de investimentos impossíveis de concluir até 2026, canalizando 300 milhões de euros para inovação.
A habitação esteve no centro das mudanças, com o Governo a anunciar alterações ao programa 1.º Direito para acelerar obras e simplificar regras, enquanto abriu uma linha do Banco Europeu de Investimento de €1,34 mil milhões para 12 mil novas casas de arrendamento acessível.
Na transição energética, o mês trouxe contrastes: o PRR financia projetos de escala como o Anel de Sines e as injeções de hidrogénio em Lisboa e Oliveira do Bairro; mas também expôs fragilidades com a insolvência da Fusion Fuel, que deixou €26 milhões em dívidas e fundos do PRR em risco.
No combate aos incêndios, chegaram helicópteros, viaturas e radares, com taxa de execução próxima dos 100%, mas a componente florestal mantém fortes atrasos, com apenas 44% da verba aplicada. Persistem ainda bloqueios institucionais, como nos pagamentos do Fundo Azul, que só liquidou 35% das verbas do PRR para o mar, e na baixa execução de programas da Startup Portugal.
O impacto da “bazuca” também se refletiu nas contas públicas: o excedente de 2024 foi revisto em baixa, penalizado em €369 milhões pela reprogramação do PRR. Ao mesmo tempo, a Comissão Europeia propôs €33,5 mil milhões para Portugal no próximo orçamento comunitário, incluindo €7,4 mil milhões para a PAC.
Na educação, o Governo lançou o primeiro concurso do BEI para 22 escolas muito urgentes, com prazo até 2029 - o que mereceu duras críticas por parte da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), que reivindica que os encargos sejam suportados a 100% pelo Governo. Já na frente política, destacou-se a saída polémica de Ricardo Arroja da AICEP, que contestou as explicações, apresentou números e contou como foi despedido.
FICOU NO OUVIDO…
“Quem chega antes da hora não pode estar atrasado.”
Manuel Castro Almeida, ministro da Economia e Coesão Territorial, defendeu no Parlamento que Portugal está entre os países mais avançados na execução do PRR, apesar das críticas da oposição
ESTEJA ATENTO: há muitos avisos a caminho!
Mais de €3,6 mil milhões vão ser colocados a concurso nos próximos 12 meses através do Portugal 2030, distribuídos por 239 avisos em diferentes programas regionais e temáticos. As áreas prioritárias incluem inovação empresarial, transição climática, qualificação e inclusão social, com destaque também para projetos de habitação e coesão territorial.
⇒ Consulte aqui o Plano Anual de Avisos para planear os seus investimentos.
BARÓMETRO DOS FUNDOS
- PRR
Os dados de monitorização do PRR indicam que Portugal embolsou, até 24 de setembro, €12.733 milhões, cerca de 57% do envelope financeiro de €22.216 milhões. Em avaliação pela Comissão Europeia, encontram-se mais €1064 milhões, respeitantes ao sétimo pedido de pagamento.
Ao nível da execução, dos 438 marcos e metas acordados com Bruxelas (eram 463 antes da reprogramação), 177 (40%) foram cumpridos, 27 estão em avaliação. Já as transferências aos beneficiários diretos e finais totalizam €9091 milhões, o equivalente a 41% do envelope. “Em trânsito” nos beneficiários intermediários, isto é, nas entidades gestoras dos programas, estão €1818 milhões.
As empresas (€3229), as entidades públicas (€1902) e as autarquias e áreas metropolitanas (€1282 milhões) estão no topo dos beneficiários com maior valor recebido até agora.
- Portugal 2030
O boletim mensal mais recente revela que o Portugal 2030, com verbas de €22.995 milhões, leva uma taxa de execução de 10% (€2296 milhões), embora €9187 milhões, ou seja, 40% da dotação, já tenham recebido “luz verde”.
Até 31 de agosto, o atual quadro comunitário de apoio tinha 1134 avisos lançados, com €14.616 milhões de fundos a concurso. Destes, quase metade pertence ao FEDER e um terço ao Fundo Social Europeu.
No âmbito dos 12 programas que compõem o Portugal 2030, a maior parcela de aprovação e de execução continua a pertencer ao Pessoas 2030.
A próxima edição da newsletter de Fundos Europeus regressa no próximo mês, mas, até lá, pode acompanhar diariamente as notícias mais relevantes no Expresso. Caso tenha algum comentário ou sugestão pode contactar-me através do seguinte e-mail: mcdias@expresso.impresa.pt
Desejo-lhe um ótimo fim de semana e… boas leituras!