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95 concursos, 800 contratos e várias críticas aos fundos comunitários

Caro leitor,


Aqui está mais uma edição da newsletter de Economia do Expresso exclusivamente dedicada aos Fundos Europeus.


Trago-lhe as notícias mais relevantes sobre o tema, assim como dicas e oportunidades para que consiga tirar o máximo proveito dos apoios da União Europeia.

Em retrospetiva

O Governo comprometeu-se a lançar, entre abril e maio, 95 concursos do Portugal 2030, com mais de €1059 milhões, e a assinar cerca de 800 contratos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), num total de €160 milhões. Os apoios incidem em áreas como inovação em territórios rurais, conservação da natureza, habitação e modernização da administração pública, beneficiando autarquias, empresas e instituições científicas e sociais.


O IAPMEI está a reprogramar as 52 Agendas Mobilizadoras para alinhar os projetos às novas condições do PRR, cuja execução foi prolongada até junho de 2026. Estas agendas, que representam 13% da dotação total do plano português, visam reforçar a inovação e a colaboração entre empresas, universidades e centros de investigação.


Entretanto, o Tribunal de Contas Europeu publicou mais um relatório crítico, no qual alerta para falhas graves no modelo de financiamento do PRR, especialmente a falta de controlo, transparência e ligação entre financiamento e resultados concretos.


Entre 2014 e 2020, o programa Compete 2020 apoiou a internacionalização de milhares de PME portuguesas, com €346 milhões em incentivos distribuídos por 960 operações, principalmente na região Norte. Os projetos apoiados incluíram iniciativas individuais, projetos conjuntos entre empresas e ações coletivas. Abrangeram setores como o têxtil, alimentar, comércio e metalurgia.


Depois de Bruxelas ter dado “luz verde”, foi a vez do Ecofin aprovar a reprogramação do PRR português, que mantém o montante total de €22,2 mil milhões até 2026 e reforça áreas como saúde, ciência, inovação e descarbonização. O sexto pedido de pagamento, no valor de €1,48 mil milhões, foi desbloqueado, enquanto o Governo garante que os projetos excluídos serão financiados por outras fontes, como o Portugal 2030.


As principais associações empresariais reconhecem a importância dos fundos europeus para a competitividade nacional, mas criticam a morosidade, a burocracia e a falta de flexibilidade, que dificultam o acesso e a execução, especialmente para PME com projetos de internacionalização. Em declarações ao Expresso, defenderam uma reforma que simplifique processos e agilize decisões.


No sector do capital de risco ligado ao PRR, há preocupações com prazos apertados que podem levar a investimentos apressados e sobrevalorizados, além da falta de um mercado secundário para renovar o setor das startups. Os investidores defendem a assunção de perdas para revitalizar o mercado.


Ainda no âmbito do empreendedorismo, os subsídios do PRR para startups levam uma execução de 30,6%, com €24,5 milhões pagos dos €80 milhões previstos nos programas Vouchers para Startups e Vales para Incubadoras. O diretor da Startup Portugal disse ao Expresso que é preciso mais financiamento para scaleups e destacou oportunidades em mercados como Ásia, Brasil e Canadá.


A Carris adquiriu, através do Programa Sustentável 2030, 15 elétricos por €40,2 milhões e recebeu um apoio de €27,4 milhões, valor que sofreu um corte de €2,4 milhões por supostas falhas contratuais, gerando um litígio com o Ministério do Ambiente.


Finalmente, a Comissão Europeia propôs unir os fundos da Coesão e Agricultura num único plano, mas o Parlamento Europeu rejeitou a centralização, defendendo maior participação local e aumento do orçamento para evitar cortes em programas essenciais. As negociações com os 27 países continuam intensas, com decisão prevista para julho.

Ficou no ouvido

“Os acordos no âmbito das creches, dos cuidados continuados ou sistemas de informação vão exigir mais do Orçamento do Estado […] porque não serão financiados através de fundos comunitários […] exigem uma análise muito cuidadosa e meticulosa sobre as necessidades financeiras do Estado, para garantir a operacionalização de todos esses investimentos.”

Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, em entrevista ao “Jornal Económico”


Esteja atento: digitalização e descarbonização para empresas

O Compete 2030 abriu o aviso “Ações Coletivas - Digitalização”, com €10 milhões do FEDER e cofinanciamento até 85%. O apoio é para entidades sem fins lucrativos que promovam, em conjunto, a transformação digital das PME. Abrange as regiões Norte, Centro e Alentejo. As candidaturas decorrem de 30 de abril a 30 de maio de 2025.


Também o Compete 2030 lançou o aviso “Ações Coletivas - Descarbonização nas empresas”, com €10 milhões do FEDER e cofinanciamento até 85%. O apoio é para entidades sem fins lucrativos que ajudem PME a tornarem-se mais eficientes e com menos emissões poluentes. As candidaturas decorrem de 30 de abril a 30 de maio de 2025.


Candidaturas no Balcão dos Fundos


Barómetro dos fundos

  • Plano de Recuperação e Resiliência

Os últimos dados de monitorização do PRR indicam que Portugal embolsou, até 14 de maio, €11.396 milhões, cerca de 51% do pacote financeiro de €22.216 milhões. Em avaliação, encontram-se €1339 milhões, respeitantes ao sexto pedido de pagamento.


Ao nível da execução, dos 438 marcos e metas acordados com Bruxelas (eram 463 antes da reprogramação), 145 (33%) foram cumpridos, 32 estão em avaliação e 27 em fase de apresentação. Já as transferências aos beneficiários diretos e finais totalizam €7731 milhões, o equivalente a 35% do envelope. “Em trânsito” nos beneficiários intermediários, isto é, nas entidades gestoras dos programas, estão €1866 milhões.


As empresas (€2735 milhões), as entidades públicas (€1665 milhões) e as autarquias e áreas metropolitanas (€948 milhões) estão no topo dos beneficiários com maior valor recebido até agora.

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  • Portugal 2030

O boletim mensal mais recente revela que o Portugal 2030, com verbas de €22.995 milhões, leva uma taxa de execução de 7,3% (€1668 milhões), embora €7120 milhões, ou seja, 31% da dotação, já tenham recebido “luz verde”.


Até dia 30 de abril, o atual quadro comunitário de apoio tinha 992 avisos lançados, com €13.365 milhões de fundo a concurso. Destes, 47% pertencem ao FEDER, 33% ao Fundo Social Europeu+ e 16% ao Fundo de Coesão.


No âmbito dos 12 programas que compõem o Portugal 2030, a maior parcela de aprovação e de execução continua a pertencer ao Pessoas 2030.

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A próxima edição da newsletter de Fundos Europeus regressa no próximo mês, mas, até lá, pode acompanhar diariamente as notícias mais relevantes no Expresso. Caso tenha algum comentário ou sugestão pode contactar-me através do seguinte e-mail: mcdias@expresso.impresa.pt


Desejo-lhe um ótimo fim de semana e… boas leituras!

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