As prestações dos créditos à habitação estão cada vez mais caras dada a subida da inflação. Num país em que cerca de 93% dos contratos são de taxa variável, ou seja, sujeito às oscilações da Euribor, muitos consumidores começaram a perguntar se compensaria mudar para a taxa fixa.
As taxas Euribor servem de referência para a média dos juros praticados por um conjunto de bancos da zona euro. O valor muda consoante os diferentes prazos: a três meses, seis meses ou a 12 meses - são os mais utilizados - e é definido diariamente pela Federação Europeia de Bancos.
A taxa de juro que lhe é cobrada resulta da soma do valor Euribor com o spread, ou seja, a margem de lucro que o Banco ganha.
A verdade é que a taxa fixa dá outro tipo de conforto, porque apesar de a prestação mensal e total provavelmente serem mais elevadas do que com taxa variável, o consumidor não é surpreendido pelo valor a pagar como na taxa variável, que segue o “humor” das taxas Euribor.
Segundo um estudo de mercado da Deco Proteste: “apesar de as propostas de crédito à habitação com taxa fixa terem aumentado, ainda é a taxa variável que proporciona uma prestação menor” e o cenário só irá mudar quando o valor da taxa fixa não superar o da taxa variável em mais de 2 pontos percentuais.
Mas só acontecerá, se as taxas Euribor não se alterarem num ano, e dada a volatilidade deste mercado nos últimos tempos, é difícil que tal aconteça. Por isso, mudar para a taxa fixa poderia só compensar num cenário de aumento muito acentuado de juros, maior do que aqueles a que temos assistido.
A oferta de créditos à habitação com taxa fixa é muito pouco atrativa em Portugal. E se estiver a pensar em mudar para esta taxa por pouco tempo, com o objetivo de “fugir” a esta crise, o mais provável é que não compense.
Quanto menos tempo passar com taxa fixa, menor é a probabilidade de oscilações na Euribor que compensem o valor que está a pagar a mais. A DECO aconselha a que “compare a prestação desses primeiros cinco anos com a que pagaria num crédito com taxa variável, no momento em que a Euribor estivesse em 2 ou 3 por cento.” Se o montante for inferior, a taxa fixa compensa.
Ainda assim, se matematicamente não compensar fazer a troca, mas emocionalmente sim, pese aquilo que é melhor no seu caso. Numa altura de instabilidade de preços em várias áreas, a ansiedade financeira está a espalhar-se cada vez mais pela sociedade e saber qual é o valor a pagar todos os meses pela prestação da casa, pode ser uma boa ajuda emocional.
O "Minuto Consumidor" é um projeto onde procuramos, todas as semanas, responder às suas dúvidas. Para acompanhar no Expresso Online e na antena da SIC Notícias, com o apoio da DECO Proteste. Envie as suas dúvidas para minutoconsumidor@deco.proteste.pt