I say life ain't enough for you
You say baby what you gonna do
Yeah what you gonna do
“Sim, o que vais fazer?” A resposta deles: greve de fome. Já tinha caído mais uma carga de água, as luzes do Parlamento acendem porque não tarda é noite. “Está ali o Legendary Tigerman”, ouve-se dizer. “Está ali à entrada, traz a guitarra e diz que vem tocar para nós”, continua a mesma voz no meio das 30 ou 40 pessoas que estão dentro das tendas erguidas desde sexta-feira em frente à Assembleia da República. “Tem sido assim todos os dias. Ontem foram uns guitarristas e uma fadista, depois um saxofonista”, conta José Gouveia, 46 anos e um dos representantes do Movimento a Pão e Água que estão em greve de fome.
A canção “life ain't enough for you” foi um pedido especial: enquanto Tigerman se prepara para a última canção o chef Ljubomir Stanisic, um dos principais rostos do movimento, interrompe para pedir aquela música. Tem de repetir o pedido porque a voz está fragilizada e já não se consegue fazer ouvir com a força que lhe é característica. Está sentado, junto a uma espécie de aquecedor que parece uma fogueira em chamas com os outros oito homens e uma mulher que há quatro dias nada comem. E Tigerman toca.