Quando Manuel Monteiro chegou à liderança do CDS ainda não tinha 30 anos. Era jovem, bem-parecido mas "muito magrinho". Ainda antes de dividir o protagonismo com Portas, fazia sucesso na rua, sobretudo no eleitorado feminino.
Em 1993, os telemóveis eram raros e caros. E não tiravam fotografias. Não havia internet, nem selfies. Nem televisões por cabo. O ritmo das campanhas era diferente.
Manuel Monteiro, jovem político e líder do CDS, era muito apreciado pelo eleitorado feminino de todas as idades. As mais velhas diziam-lhe que estava "muito magrinho", que precisava de comer mais. As mais novas faziam-se ao beijo e à fotografia. Mas tirar uma fotografia com um líder político na rua não era como hoje. Implicava levar uma máquina fotográfica, comprar um rolo e saber dia e hora do acontecimento.
Dessa vez, na Póvoa de Varzim, berço e bastião do CDS, Monteiro é abordado por um casal de namorados. Ela pede-lhe um beijinho e uma fotografia. Ele, o namorado, nunca falou. Monteiro, que ficava sempre pouco à vontade com as abordagens femininas mais arrojadas, sugere que fiquem os três na fotografia. Ela recusa. Quer a foto só com ele. Monteiro pergunta se o namorado não se importa. Quem responde é ela. Diz que não, que o namorado não se importa.
Monteiro já está muito pouco à-vontade. Chega a ruborizar. Nunca perde a compostura mas ja só quer que momento acabe.
Fazem a pose. Alguém pega na máquina.
Estão os dois. Ele e a fã. O namorado ao lado. Monteiro insiste. Ele não se importa?
Ela remata o assunto:
- Não, não se importa. E se se importar, não me importo eu. Se for preciso até troco de namorado. Namoro consigo!