Legislativas 2019

CDS. Pedro Mota Soares põe-se fora da corrida à sucessão e pede “solução que una a direita”

Fora do Parlamento, o ex-ministro centrista considera que não tem condições para concorrer à liderança. E defende que o CDS comece um processo de diálogo à direita para inaugurar um período de união neste espaço político

FERNANDO VELUDO / NFACTOS exclusivo para EXPRESSO

Foi um dos nomes mais apontados para a sucessão de Assunção Cristas, mas está oficialmente fora da corrida. Ao Expresso, Pedro Mota Soares confirma que não estará disponível para uma candidatura à liderança do partido. Uma decisão justificada pelas circunstâncias em que os resultados da noite passada deixaram a bancada parlamentar do CDS, mas também a configuração do próprio Parlamento.

Num partido pequeno - neste caso, reduzido a apenas cinco assentos na Assembleia da República - é particularmente importante garantir projeção mediática ao líder. E é com base nessa lógica que Mota Soares argumenta: “Acho que a afirmação de uma liderança nova deve passar preferencialmente por alguém que esteja no Parlamento, e que terá mais condições objetivas, mais força e mais capacidade de afirmação”.

Neste momento, o ex-ministro centrista, que falhou a eleição como eurodeputado em maio e perdeu assim o lugar nas listas de deputados à AR, não considera que tenha essas “condições” nem que seja “a pessoa mais capacitada” para assumir uma candidatura à liderança. Até porque a próxima legislatura, com um PS sem maioria absoluta e a estreia de vários partidos no Parlamento, será “muito difícil” - e “muito jogada” na AR.

Ex-ministro, ex-secretário geral e ex-líder da Juventude Popular, Mota Soares é um dos nomes com um currículo mais longo e mais diverso no CDS. Nesta altura, e como “militante” de base, diz-se disponível para ajudar o partido, sem que isso passe por ambições maiores. E adianta qual considera que deve ser a missão do CDS: uma “reflexão muito profunda” não só sobre o estado do partido mas também sobre o estado do centro-direita.

A solução, defende, deve passar por uma união desse espaço político, sem divisões. “Hoje, a grande responsabilidade do CDS é conseguir unir e juntar uma direita que se dispersou - e quem mais beneficiou com essa dispersão foi o PS de António Costa. É uma lição que temos de aprender e não repetir”. Uma “alternativa” num país “muito virado à esquerda”, partindo de um diálogo que deve começar pelo CDS e alargar-se, além do PSD, aos partidos estreantes no mesmo espaço político.

No CDS, começa, assim, o período de catarse que culminará com a eleição de um novo líder num congresso antecipado (sem a demissão de Cristas, aconteceria em março). Na linha de frente está, neste momento, João Almeida, que já anunciou a intenção de apresentar uma moção de estratégia global na reunião magna do partido, sem excluir a hipótese de uma candidatura. Sem Mota Soares na corrida, tem o caminho mais livre para isso mesmo.