António Costa visitou esta tarde o estaleiro das obras da nova ala pediátrica do Hospital de São João, do Porto, para mostrar que o Governo não acabou funções sem que esse projeto arrancasse. Apesar de não ter obra para inaugurar - longe disso, ainda agora foi assinado o contrato e o estaleiro foi montado na véspera -, o líder socialista fez questão de ir quarta-feira ao Porto. Foi uma visita relâmpago, de propósito para reunir com a administração do Hospital e mostrar à comunicação social que o estaleiro já está montado e as obras estão a andar.
"Não chegamos ao fim deste governo sem que aquilo que esteve parado tanto tempo esteja agora em ação", disse Costa, e repetiu, sublinhando que "está em curso desde o passado dia 25, e com prazo de execução de 18 meses, a construção de toda a nova ala pediátrica do hospital." Entretanto, desde Julho as crianças que recebiam tratamentos de oncologia em contentores estão instaladas no interior do hospital.
À observação de que a inauguração do estaleiro aconteceu num timing muito conveniente - aconteceu já em plena campanha eleitoral -, Costa respondeu que "teria sido muito mais conveniente já ter sido possível inaugurar a obra."
Em sua defesa, o primeiro-ministro, que ali estava como líder do PS, lembrou que "a obra não tinha projeto feito, foi necessário fazer e rever projeto, negociar com outras iniciativas que entretanto se tinham sobreposto, encontrar solução financeira, mobilizar os 27 milhões de euros necessários."
"A obra está a andar, isso é que é importante", foi a mensagem que Costa quis passar, tal como na véspera, no IP3, onde também não tinha obra para inaugurar e por isso foi apenas visitar o andamento dos trabalhos de melhoramento da estrada mais perigosa do país. Mais uma vez, Costa inova as regras da política: se não tens obras para inaugurar, visita estaleiros.
Uma campanha aos soluços
Hoje foi mais um dia de campanha aos soluços. Depois de uma manhã com gravata de primeiro-ministro, para acompanhar na Proteção Civil o impacto do furacão Lorenzo nos Açores, António Costa voltou à campanha, com agenda carregada. A hipótese de ir aos Açores não se justificava, nem havia razão para continuar em Lisboa a dar apoio à Região Autónoma.
Já como líder socialista, rumou a Coimbra para uma arruada, depois ao Porto, para ir ao São João, e o dia acaba em Viseu, com um comício na praça do Rossio.
Depois de ter sido marcada, desmarcada e remarcada, a arruada em Coimbra aconteceu às três da tarde, o que está longe e ser o horário ideal para este tipo de iniciativa. Mas Costa lá foi, pelo trajeto habitual, ladeado pela ministra da Saúde, Marta Temido, que é a cabeça de lista pelo distrito.
Costa ouviu muitos prognósticos de vitória, ao que respondeu sempre da mesma maneira: "Para isso tem mesmo de ir votar no domingo".
A mobilização do eleitorado é, neste momento, a principal preocupação dos socialistas. Convictos de que vencerão, como prevêem todas as sondagens, a questão é se essa vitória será mais ou menos robusta. Ninguém fala em maioria absoluta, mas não é a mesma coisa ganhar por muito, ou por "poucochinho".