Legislativas 2019

Cristas sobre mensagens para não falar de Tancos: “Andam por aí, não têm mistério nenhum”

Afinal não havia "mensagens em concreto", mas um "ambiente" em que o CDS se assume "uma voz incómoda", assegura Cristas

Elas “andam aí”. Isto é, as “mensagens” que Assunção Cristas denunciou este sábado, e que diz estar a receber para se calar sobre Tancos, “andam por aí, por todo o lado”. A explicação da líder foi dada este domingo, no final de um passeio de bicicleta no passadiço da ria de Aveiro.

A ideia da visita passava por alertar para os perigos da subida do nível das águas e o desaparecimento da orla costeira, mas, perante a insistência dos jornalistas, Cristas lá acabou por responder à dúvida que ficou do seu discurso de sábado: afinal, quem é que anda a pressionar o CDS e a avisar que fazer oposição com o intrincado caso de Tancos tem um “preço político”?

A resposta é pouco conclusiva. “Há muitas mensagens que andam por aí, por todo o lado. Estava a falar em geral de um certo ambiente de que há coisas que se podem e não se podem dizer”, começou por referir. Sobre possíveis mensageiros em concreto - poderiam essas pressões vir do presidente da República, do PS, do PSD ou até de vozes internas? - Cristas rematou: “Podem tirar daí a ideia, não me estava a referir a nenhuma mensagem em concreto. O que sinalizei é que não aceitamos que nos digam de que podemos falar, direta ou indiretamente. [As mensagens] andam todas por aí, não têm mistério nenhum”.

Ficou assim semi-esclarecida a afirmação da presidente centrista que tinha levantado dúvidas durante o mega jantar-comício de Aveiro. Com novas farpas: “Em todos os temas temos profunda convicção, coragem e não ficamos por meias palavras”, insistiu. “O CDS está aqui ser para uma voz muito ativa, muito firme, e às vezes também muito incómoda. Somos uma voz que não deixa que Tancos fique esquecida”.

E fala sozinho? Não, negou Cristas - mas “começou por falar sozinho”, pondo “o dedo na ferida” e defendendo que há aqui “uma relevância política que não pode ser silenciada”. Entretanto, já os outros partidos, PSD à cabeça, falaram do caso e formaram um coro de críticas… mas Cristas quer lembrar que começou por ser uma voz isolada. Também na crítica ao PS por manter em campanha Tiago Barbosa Ribeiro, o deputado a quem, segundo a acusação do MP, Azeredo confessou que sabia da operação de recuperação das armas: “Considero que isso é condizente com o que o PS tem sido e continua a ser”.

Embora Cristas assegure que o CDS anda a “pedalar bem” nestas eleições, falta uma peça fundamental na engrenagem: a presença de Paulo Portas. O antigo líder já apareceu em Aveiro, como mandatário daquele distrito, e no jantar de sábado, via vídeo - mas ainda não se cruzou “fisicamente” com a líder. “Espero ainda poder estar com ele nesta campanha, dentro do que são as limitações de agenda dele”, disse Cristas, um dia depois de Portas ter desejado que conduza a “resultados melhores do que muitos esperam”. “Estamos a acertar [agendas], mas não tenho dúvidas em total empenhamento de Paulo Portas nestas eleições e no sucesso do CDS”.