O CDS vai apostar tudo no caso de Tancos. Da longa reunião que juntou a comissão executiva do partido na sede do Largo do Caldas, em plena campanha eleitoral, saíram várias conclusões fortes. Entre elas, um pedido para que Ferro Rodrigues envie as declarações de António Costa sobre o caso ao MP e a proposta de uma nova comissão parlamentar de inquérito.
O suspense enchia a sala onde os jornalistas esperavam há mais de uma hora e meia pelas declarações de Assunção Cristas. Rapidamente se percebeu a demora: os centristas querem mesmo liderar nesta matéria e, um dia depois de o PSD ter convocado a comissão permanente do Parlamento para discutir o caso, contra-atacaram com força.
Considerando desde logo que a primeira comissão parlamentar de inquérito ao caso, proposta também pelo CDS, serviu para provar que Azeredo Lopes sabia da operação de encobrimento, Cristas lembrou as declarações que Costa foi prestando, em sede de comissão e em debates quinzenais, sobre o seu ministro. Citou, por exemplo, a resposta em que Costa assegurou: Azeredo "desempenhou com lealdade as funções de ministro da Defesa, transmitindo sempre a informação que considerou relevante ou que eu solicitei". Ou as incongruências do primeiro-ministro em relação à data em que soube do memorando que detalhava a operação ilegal da Polícia Judiciária Militar.
Os centristas querem agora não só saber se Costa "mantém" as suas respostas - "a que deu à comissão parlamentar de inquérito não serve" - e também se estas poderão constituir falsas declarações. Por isso, o CDS decidiu questionar Ferro Rodrigues sobre se já enviou essas respostas ao Ministério Público - e caso contrário vai requerer isso mesmo ao presidente da Assembleia da República, "número dois da hierarquia do Estado, a quem cabe proteger a instituição e não o PS".
Não é a única atitude que os centristas decidiram tomar: prometida está já, para a próxima legislatura, a constituição de uma nova comissão de inquérito, que vem somar-se à decisão de viabilizar a reunião da comissão permanente, proposta esta sexta-feira pelo PSD. A questão, lança o CDS, é saber se a esquerda, "que tudo fez para branquear" as ações do Governo, "está disponível para mudar de comportamento" na próxima comissão. O CDS promete não dar tréguas.