Legislativas 2019

Tancos. Cristas aponta a Costa: “Então um deputado do PS sabia e o primeiro-ministro não sabia?”

Cristas começou a manhã ao ataque e não perdoou: falou de um Governo que "encobre crimes", pediu explicações a Costa, declarou que o caso está "longe de estar encerrado". O CDS não vai deixar o assunto morrer, especialmente antes das eleições

Um Governo que “iliba criminosos”, liderado por um primeiro-ministro que ou é “extraordinariamente incompetente” ou se mostra “conivente” com o encobrimento de crimes. Foi assim que Assunção Cristas, embalada pelas novas revelações sobre o caso de Tancos, disparou contra o Governo no geral e António Costa em particular. Com uma conclusão: uma polémica destas só pode levar a que os portugueses expressem um “voto de protesto” no dia seis.

No final de uma volta pela feira de Lamego, Cristas agarrou a primeira oportunidade para comentar a notícia que o Observador avançou na noite desta quarta-feira: afinal, o próprio ex-ministro Azeredo Lopes terá admitido que sabia da operação encenada para recuperar as armas, numa troca de mensagens com o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro. Uma revelação que levou Cristas a considerar a seguinte pergunta “legítima”: “Então um deputado do PS sabia e o primeiro-ministro não sabia?”.

A pontaria foi direta a Costa, que tem insistido que o caso está no domínio da Justiça - mas que, garante Cristas, deve dar “explicações” políticas. Sem contemplações: se o primeiro-ministro não estava a par da operação de encobrimento, é “extraordinariamente incompetente”; se sabia, “foi conivente com um crime”. O que significa que este Executivo “encobre crimes, iliba criminosos, impede a Justiça de funcionar”. Conclusão? “Merece um voto de protesto no dia seis, por fazer o país passar por uma “extraordinária vergonha”.

O PS não fica sozinho nas duras críticas de Cristas: a líder do CDS foi subindo de tom e lembrou as conclusões da comissão parlamentar de inquérito (criada por proposta dos centristas), que o CDS chumbou por considerar que ilibavam o Governo de culpas. Por isso, também BE e PCP “foram coniventes com um relatório que branqueava toda a responsabilidade do Governo”, escrito pelo deputado socialista Ricardo Bexiga.

Já no Parlamento, defende Cristas, “ficou muito claro que o ministro sabia do encobrimento” - falta confirmar se “tinha outro tipo de envolvimento mais grave”. O que só prova a tese do CDS: “O assunto está longe de ser encerrado, também do ponto de vista político”. É um caso que rebenta em plena campanha e que os centristas esperam que venha a prejudicar o PS e a esquerda nas urnas: “É muito importante que as pessoas percebam a quem o Governo está entregue”.