Pedro Santana Lopes diz estar já “totalmente esclarecido” sobre o facto de Marcelo Rebelo de Sousa não ter tido conhecimento do alegado encobrimento na recuperação das armas furtadas de Tancos. “O Presidente da República disse que não teve conhecimento e por mim está esclarecido”, afirmou esta quinta-feira, em declarações aos jornalistas numa ação de campanha do Aliança na Azambuja, lamentando que Marcelo “seja forçado a falar tantas vezes no assunto”.
“Não me passa pela cabeça que o Chefe de Estado não fale verdade ou que tenha alguma responsabilidade no assunto”, afirmou Santana Lopes, reforçando não ter dúvidas de que o Presidente da República “falou a verdade logo na primeira vez”. Em causa estão as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, na passada terça-feira, quando voltou a afirmar não ter sido informado, por qualquer meio, sobre o encobrimento na recuperação das armas roubadas.
Santana Lopes começou a manhã desta quinta-feira a distribuir panfletos nas ruas da Azambuja, onde o reconhecem, mas sem que o associem ao Aliança. O líder do partido e cabeça de lista por Lisboa, seguido por uma dezenas de apoiantes, percorreu as ruas praticamente vazias e entrou em cafés, papelarias, lojas de roupa, sapatarias e restaurantes para cumprimentar e deixar os panfletos.
“Vir à Azambuja serve para dar a conhecer a realidade de uma zona urbana à volta da capital. É uma terra que fica praticamente deserta durante o dia com a saída das pessoas para o trabalho. Esta zona é um pólo industrial importante e toda a área logística está a voltar depois de se ter sido abaixo durante o período da troika.”
Santana Lopes aproveitou ainda para sublinhar a importância do investimento nos transportes, em particular na ferrovia. “Esse investimento poderá custar 10 mil milhões de euros mas é uma alavanca fundamental para que haja mobilidade em todo o território e até para tirar de zonas como esta muitos camiões de mercadorias.”
PS e a "tendência para o autoritarismo"
O fundador do Aliança sublinhou ainda que o partido se pauta por “falar a sério sobre assuntos sérios”. “Também poderíamos pôr cartazes de banda desenhada, que de certeza ganharão concursos de criatividade. Mas nós falamos a sério de assuntos sérios”, afirma. “Somos o único partido a defender que quem for condenado por corrupção nunca mais deve voltar a exercer cargos políticos.”
Por outro lado, discordando totalmente do facto de a Universidade de Coimbra ter retirado a carne de vaca da ementa da cantina, o presidente da Aliança sublinha a sua posição. “Somos um partido contra proibicionismos. E somos respeitadores do que faz parte da cultura portuguesa”, disse, criticando os partidos que “querem impor os seus gostos”. “Há sempre muitos candidatos a ditadores e só faltava virem reitores impor ementas.”
Na agenda desta manhã entrou ainda uma passagem por Vila Franca de Xira e uma visita ao mercado. “Os senhores todos deveriam cá passar no mercado mais vezes e não só nestas alturas”, ouviu dizer.
Santana tinha ainda prevista uma passagem por Alverca, onde queria ir realçar a proposta do Aliança sobre a localização do aeroporto que, na sua opinião, “não é uma matéria de contenda partidária”, mas sim de “interesse nacional”. Para o partido, o Montijo é um erro, não só porque os aviões de grande porte vão continuar a passar em Lisboa mas também porque em 20 anos deixa de ter solução. Alverca surge como melhor opção, para o Aliança, devido à proximidade de Alverca à Portela, à estação de comboios e a Santa Apolónia. “Espero que o próximo Governo, seja ele qual for, reconsidere a situação.”
Para estas legislativas, Santana continua a apontar para a eleição de pelo menos dois deputados, reconhecendo que Portugal está “numa fase difícil”. “O PS tem uma tendência para um autoritarismo, para uma certa sobranceria e é preciso que na próxima legislatura esteja lá quem não se deslumbre com as habilidades de António Costa. É importante que o centro-direita esteja em luta pelo que se deve lutar.”