Legislativas 2019

PAN. Plantar uma árvore no que resta da serra

No Algarve, um dos distritos onde o PAN mais cresce, André Silva dedicou o dia ao ambiente

PEDRO NUNES

O momento do dia:

A plantação do ulmeiro foi genuína, mas também foi feita para as câmeras dos repórteres de imagem e fotojornalistas. E é mais uma prova de como André Silva sabe aproveitar as oportunidades. Foi assim nos últimos quatro anos.

A Frase:

Em todos os partidos há pessoas que prevaricam. O que pedimos à justiça são condenações
André Silva sobre a acusação a Azeredo Lopes

O personagem

Uwe Heithkamp, um alemão que se define como monchiquense, é o rosto do interior esquecido mas que não desiste, e que só costuma aparecer em momentos de catástrofe ou em campanha.

A foto

Uwe Heithkamp, o alemão monchiquense e editor de uma revista ecologista com o seu cão Max
PEDRO NUNES

"Já plantei árvores várias vezes, mas para as câmeras é a primeira.” Entre os 50 km de área ardida da serra de Monchique, no Algarve, durante o incêndio de 2018, André Silva voltou a levar o ambiente para a campanha.

Ao longo de mais de duas horas, o porta voz do PAN ouviu as explicações de ambientalistas locais e intensificou as críticas à tutela da agricultura. Já ontem o ministro Capoulas Santos tinha sido o centro do ataque do PAN, por parte de Cristina Rodrigues, a cabeça de lista por Setúbal.

“O eucalipto é um problema, mas não podemos responsabilizar uma espécie. A responsabilidade [dos incêndios e da devastação] é da falta de regras e de regulamentação”, disse dando ainda o exemplo de iniciativa privada que está a ser desenvolvida na serra de Monchique. Como é o caso de um projeto de crowdfunding que está a ser promovido por moradores para construir quatro cisternas de agua destinadas ao combate ao fogo.

André Silva fez ainda questão de estender as críticas ao turismo que “está a ser direcionado apenas para o litoral, quando um dos tipos mais procurados no mundo é a observação de aves” que poderia ser feita no interior.

O líder do PAN tem feito um esforço para credibilizar e defender as posições do partido e mostrar que as propostas não são só ambientalistas, mas também rentáveis para a economia. “Atrair pessoas para o interior criar eco sistemas e habitats sustentáveis que pode ser base de toda a economia”, afirmou depois de novo ataque à falta de apoio à agricultura local. “O Governo não está a ter uma visão a longo prazo da natureza.”

Depois de um arranque dedicado aos animais, o segundo dia da campanha do PAN foi marcado pela natureza. O partido fez questão de mostrar um projeto de agricultura e produção biológica e os esforço dos moradores para recuperarem Monchique. “Obrigada por virem, os jornalistas só cá vêm quando há incêndios. É muito importante para nós estarem aqui”, disse Uwe Heithkamp, um alemão que se define monchiquense, editor de uma revista ecologista, e responsável pelo projeto de crowdfunding da construção de cisternas.

O foco no Algarve faz sentido não só pela natureza. Este tem sido um dos distritos que mais tem crescido. Aliás, nas últimas europeias Aljezur e Faro tiveram uma votação superior à média nacional do PAN.

Esse aumento era visível. Pela primeira vez, houve uma comitiva a acompanhar a pequena equipa do partido desde manhã, altura em que André Silva participou no Fórum TSF, até ao fim do dia.

Sub: Disponível para falar com o PS

Primeiro na rádio e depois aos jornalistas, o deputado único do Pessoas Animais e Natureza disse estar disponível para falar com todos os partidos no pós eleições, “incluindo com o PS”. E acredita que, na próxima legislatura, os orçamentos serão aprovados ano a ano.

Sempre a tentar fazer campanha pela positiva e sem se querer comprometer, André Silva voltou a dizer que a corrupção é uma área muito importante. Será a linha vermelha definitiva para aprovar orçamentos? “É precipitado falar-se em acordos de governação”, mas tem de “haver uma reforma a nível da corrupção”. É também aí que está uma das propostas mais polémicas do PAN, a criação de tribunais especializados, algo que é proibido pela Constituição.

Novamente questionado sobre Tancos, voltou a dizer que não é tema de campanha. Mas não será por haver um ex-ministro socialista arguido que não haverá diálogo com o PS. “Em todos os partidos há pessoas que prevaricam. O que pedimos à justiça são condenações”, afirmou sobre a acusação a Azeredo Lopes. Está aberto o caminho para a 'PANgonça'.