Uma mancha azul-céu começou a alastrar no final da manhã à frente do Atrium Saldanha, em Lisboa, com a chegada dos apoiantes e candidatos do partido Aliança às legislativas, ao som de duas canções passadas em loop pelos megafones de um carro. “O nosso Portugal jamais irá parar com a força que a Aliança lhe irá dar”, ouvia-se em repetição, enquanto não chegava a hora de almoço para que mais gente houvesse a passar na rua.
Pedro Santana Lopes, presidente do Aliança e cabeça de lista por Lisboa, que tem a expectativa de eleger “pelo menos” dois deputados, chegaria pouco depois para começar a distribuir panfletos. “O voto útil não tem qualquer sentido nestas eleições. Aqui, a questão não se põe. Ou há uma maioria de esquerda ou então, e era bom que houvesse, uma maioria de centro-direita”, disse, sublinhando que o que está em causa neste momento é a “continuidade ou não de uma frente de esquerda”.
Admitindo ser “natural” que a existência de vários partidos à direita fragmente a votação, Santana Lopes não considera que isso seja um problema. “Quero acreditar que o centro-direita também se fortalece”, afirma. “Mas só se fortalece se a direita se juntar. Até ao contar dos votos é vindima.”
Quanto aos votos que espera ter no Aliança, acredita que possam vir de vários tipos de eleitores. “Como já disse antes, nós não disputamos militantes, disputamos eleitores. Gostava muito que fossem os abstencionistas, seria bom para a democracia e para o Aliança.”
Habitação a custos controlados
Já a caminho da Avenida Duque de Loulé, enquanto distribuía panfletos, houve também quem lhe pedisse uma selfie. “Como Marcelo está nos Estados Unidos, tiro eu a selfie consigo”, disse-lhe Santana.
Na ação de campanha de hoje, a habitação no centro da cidade de Lisboa foi o tema escolhido. “É praticamente impossível encontrar casa aqui”, afirmou Pedro Santana Lopes. “Tem havido melhorias mas quem tem de beneficiar não são só os estrangeiros, apesar de não termos nada contra, mas gostávamos mais fossem os portugueses e as suas famílias.”
O presidente do Aliança considera que a aposta da Câmara Municipal de Lisboa no lançamento de habitações a custos controlados “é o caminho certo”, mas ainda não é suficiente. “Precisamos de muitas mais”, sublinha. “Têm de ser os municípios a procurar construir habitação a custo controlado. E os privados devem ter benefícios fiscais para construírem na cidade”, defende.
“A minha política é a política dos bairros, que devem ser autosustentáveis, que tenham tudo de forma a implicar menos deslocações das pessoas”, apontou, fazendo até referência ao impacto positivo que essa menor necessidade de movimentação diária teria no Ambiente.
Habitação com rendas acessíveis, aumento da oferta hospitalar com a construção do Hospital de Todos os Santos, aposta no aumento da rede de cuidados continuados e maior investimento e modernização na ferrovia nas linhas de Sintra, Cascais e Oeste são algumas das medidas que o Aliança propõe para Lisboa.
Sobre os transportes, Santana Lopes elogiou a “medida positiva” do Governo ao reduzir o preço dos passes, mas lamentou a falta de uma “resposta adequada” à procura que entretanto aumentou. “O Metro não corresponde às necessidades. É preciso investir.” E na lista das suas propostas está o “reforço da videovigilância nos transportes públicos, parques de estacionamento e áreas críticas”.
Já sobre o aeroporto, o líder do Aliança explicou que, na visão do partido, Alverca era a melhor solução. Num dos panfletos que os militantes andaram a distribuir, lê-se que o aeroporto em Alverca é uma solução “amiga do ambiente, duradoura, económica, segura e rápida”.