Legislativas 2019

Rio desafia Costa para duelo entre 'Centenos'

O líder do PSD quer ver Joaquim Miranda Sarmento (o seu ‘Mário Centeno’) a debater com o ministro das Finanças. Manhã marcada por críticas à gestão do Serviço Nacional de Saúde

Rui Duarte Silva

Se há dúvidas sobre quem tem razão, pois que meçam forças. Rui Rio aproveitou um almoço com empresários em Setúbal para desafiar António Costa e Mário Centeno para um debate entre o ministro das Finanças e Joaquim Miranda Sarmento, porta-voz do PSD para a área das Finanças.

“Se António Costa tem tanta segurança nos números que jogou para cima da mesa, de certeza que o seu Miranda Sarmento aceitará esse debate”, provocou o líder do PSD, numa referência ao debate de segunda-feira em que Rui Rio e António Costa entraram numa disputa ao estilo de ‘o meu Centeno é melhor do que o teu’. O convite foi já formalizado pela Antena 1, mas não consta que Mário Centeno já tenha respondido ao repto.

O desafio ao líder socialista foi, até ao momento, o momento político mais alto do dia. A campanha do PSD arrancou devagar devagarinho, cumprindo o guião definido por Rio: mais do que alimentar a “componente lúdica” das corridas eleitorais (palavras do próprio) esta vai ser uma campanha centrada na transmissão de ideias, num circuito mais fechado e para pequenas plateias. E sempre a piscar o olho aos indecisos, como assumiria o próprio.

Foi precisamente isso que aconteceu em Setúbal. Num encontro com pouco mais de 60 pessoas, Rio voltou a defender a importância de um novo modelo económico para o país, tentando marcar a diferença entre aquilo que PSD defende e aquilo que foi a prática do PS nos últimos quatro anos. “Se quisermos governar para o futuro das pessoas, temos de ter empresas em condições de criar melhores empregos e melhores salários”, disse. Um país voltado para as exportações e para o investimento, a antítese do que têm feito os socialistas, insistiu o líder social-democrata.

E há duas componentes importantes dessa estratégia: apostar na redução da carga fiscal e na contenção da despesa pública. “Se a carga fiscal aumentar todos os anos queremos chegar aonde? Temos de ter coragem e dizer ‘parou’. Baixar a despesa do Estado em termos nominais, tout court, é impossível. Agora, a despesa pode crescer e deve crescer a uma taxa inferior ao crescimento do produto. Vamos aumentado a despesa do Estado mais e mais e mais… Até quando? Já basta de Estado nas nossas vidas”, sublinhou Rio.

Rui Duarte Silva

PSD suspeita de números na Saúde

A manhã de Rui Rio foi dedicada a uma visita às instalações do Hospital Garcia de Orta, em Almada. À saída, em declarações aos jornalistas, o líder social-democrata deixou uma suspeita que reforçaria mais tarde já em Setúbal: o verdadeiro diagnóstico do estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a ser escondido.

“Hoje saiu o relatório social, mas é curioso que ainda não saiu o relatório e contas do SNS relativo a 2018. Suspeito que ele não vai sair antes de 6 de outubro e suspeito que os números estão ainda pior do que podemos imaginar”, sugeriu Rio.

Aliás, para o social-democrata, que escolheu o tema da Saúde para o seu primeiro dia oficial de campanha, a “degradação da saúde é particularmente preocupante”. “Faltam medicamentos, as listas de espera para as cirurgias são maiores, as listas de espera para as consultas são maiores e as dívidas aumentaram. O diagnóstico é mau, muito mau”, reforçou.

Em alternativa, Rio propõe que o Estado central transfira mais autonomia e responsabilidades para as administrações hospitalares como forma de garantir uma gestão mais eficiente. “Temos de otimizar recursos e eliminar o desperdício”, resumiu o líder social-democrata.

A comitiva social-democrata segue agora para Portimão (onde vai visitar o centro de saúde local) e terminará o dia em Faro, para uma sessão de esclarecimento com militantes e simpatizantes.