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União Europeia

Em Varsóvia, entre um milhão de manifestantes, as mulheres e membros da comunidade LGBTQ+ marcharam contra o medo

Juntaram-se cerca de um milhão de pessoas em Varsóvia domingo, num protesto que reuniu as maiores forças de oposição ao atual governo PiS. A duas semanas das eleições, o chefe da oposição Donald Tusk convocou uma “Marcha de um milhão de corações”, todos eles diferentes, mas determinados a pôr fim à política do medo

D.R. Mariana Abreu

Mariana Abreu, em Varsóvia

Às onze da manhã já se via muita gente na praça central de Varsóvia. Equipados com calçado confortável e buzinas ruidosas, os manifestantes reuniram-se pouco a pouco na avenida Jana Pawla, que atravessa a capital polaca.

Uns vieram de Cracóvia, outros de Gdansk, ou de Breslávia... mas todos partilhavam o mesmo entusiasmo, e a ânsia de quem esperava aquele dia há muito tempo. E assim, num frenesim de bandeiras e perucas cor-de-laranja, juntou-se domingo uma multidão de perto de um milhão de pessoas.

Esse milhão de pessoas pouco tinham em comum. Não pertenciam à mesma geração, género, ou comunidade, nem tão pouco contavam todos votar no mesmo partido a 15 de outubro.

Jolanta Miller, de 71 anos, de peruca laranja fluorescente na cabeça, veio com os amigos lutar pelas gerações futuras: “O PiS é contra as mulheres e contra a liberdade”, disse destemida ao Expresso. “Eu posso ter 71 anos, mas tenho uma filha. Todos aqui temos filhas. E este governo é horrível para as jovens mulheres”.