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A Rússia não está na lista de países a que Trump impôs tarifas: politicamente motivadas, podem servir de “moeda de troca numa negociação”

Os Estados Unidos decretaram tarifas contra 184 países, mas a Rússia foi omitida desse rol. Os analistas garantem que esta é a prova de que as taxas alfandegárias são politicamente motivadas. Explicam como Moscovo já está, mesmo indiretamente, a ser afetada pelos obstáculos ao comércio global. As “tarifas” podem ter mais efeito do que as próprias sanções dos aliados da Ucrânia

Anna Moneymaker

Tendo a administração Trump introduzido taxas alfandegárias sobre as importações de mais de 180 países, “é difícil explicar porque foi omitida a Rússia”, admite Wojciech Jakóbik, analista de Varsóvia que se especializou em energia. Ao contrário da Ucrânia, adicionada à lista de países visados pelas tarifas, a Rússia e a Bielorrússia foram poupadas. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, explicou que as sanções existentes significam que, de qualquer forma, já não havia comércio com a Rússia.

A afirmação de Donald Trump de que não há necessidade de tarifas porque os Estados Unidos e a Rússia “não estão a fazer negócios” é, “de certa forma, o seu trunfo retórico, sem trocadilhos [‘Trump card’, em inglês]”, comenta a politóloga Alexandra Filippenko, nascida em Moscovo e especialista em estudos dos Estados Unidos da América.

Após a invasão da Ucrânia, os Estados Unidos e outros países, em particular os europeus, robusteceram as sanções já em vigor contra a Rússia. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, também salientou que as sanções americanas, em conjunto com a guerra na Ucrânia, impediriam “qualquer comércio significativo” com a Rússia.