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Rússia

Troca de prisioneiros: “Fomos ambos presos na Bielorrússia. Quando nos libertaram, eu fui descansar, ele foi protestar”

Pavel Elizarov fugiu da Rússia a conselho, ou quase a mando, de Ilya Yashin, um dos principais opositores de Vladimir Putin, que esta quinta-feira foi libertado na troca de prisioneiros entre a Rússia e vários países ocidentais. Yashin nunca quis sair do país e Elizarov não tem a certeza de que tenha sido escolha sua fazer parte desta transação. Ao Expresso, conta como foi estar preso com Yashin, como o amigo lhe escreveu cartas de recomendação para entregar ao SEF e porque teme que os libertados pensem em voltar a Moscovo

Ilya Yashin numa fotografia tirada durante o veredito do seu caso, anunciado em novembro de 2022. Foi acusado de espalhar informação falsa referente à guerra da Ucrânia
YURI KOCHETKOV

Pavel Elizarov está em Portugal há mais de dez anos e escolheu pedir asilo político, apesar de isso ser mal visto no país de onde vem, a Rússia. Quem pede proteção é “fraco”, não tem coragem para “continuar na luta”, é assim que funciona “a propaganda do regime”, diz ao Expresso numa conversa sobre a importância da libertação de alguns dos seus amigos de adolescência. Um deles é Ilya Yashin, político russo de 41 anos que está de novo em liberdade, após uma das maiores trocas de presos entre a Rússia e os Estados Unidos desde a Guerra Fria.

“A luta não acabou, há muita gente presa, pessoas sem possibilidade de terem um bom advogado, ativistas menos conhecidos, é preciso continuar a pressão internacional sobre o regime”, diz Pavel, 39 anos, que trabalha na Free Russia Foundation e continua a fazer política, agora em Portugal, na Iniciativa Liberal. “O Ilya foi a primeira pessoa que conheci quando comecei a minha atividade política, em 2004, quando aderi ao Yabloko, um partido liberal, e logo em 2005 fomos à Bielorrússia participar nos protestos contra Lukashenko, e fomos presos os dois pela primeira vez.”