Rússia

Rússia classifica grupo de mulheres de soldados como "agentes estrangeiros"

O rótulo como "agente estrangeiro", reminiscente do "inimigo do povo" da era soviética, é utilizado pelas autoridades russas para suprimir vozes críticas

Alexander Ryumin/Reuters

A Rússia classificou esta sexta-feira como "agentes estrangeiros" uma organização de mulheres que faz campanha pelo regresso dos seus maridos mobilizados na guerra na Ucrânia, bem como uma antiga candidata presidencial que pede o fim do conflito. O rótulo como "agente estrangeiro", reminiscente do "inimigo do povo" da era soviética, é utilizado pelas autoridades russas para suprimir vozes críticas.

O Ministério da Justiça incluiu hoje no registo de "agentes estrangeiros" o movimento "Put domoï" (o caminho de regresso), que organizou pequenas reuniões de mulheres a exigir o regresso dos maridos da frente de combate. O Governo russo defendeu que este movimento procurou criar uma "imagem negativa" da Rússia e do Exército russo, e apelou a manifestações ilegais.

Também Ekaterina Dountsova, uma antiga autoridade local eleita que tentou apresentar a sua candidatura às eleições presidenciais de março foi incluída nesta lista. Dountsova defendia na sua campanha o fim da invasão russa da Ucrânia, mas viu a sua candidatura ser recusada. No registo de agentes estrangeiros também consta agora o meio de comunicação 'online' independente Sota, acusado de ter criticado a ofensiva na Ucrânia.

A classificação de agentes estrangeiros exige processos administrativos penosos e identificação, inclusive nas redes sociais, sob pena de multa. A lei sobre "agentes estrangeiros" foi endurecida em 2022, acrescentando novas proibições.