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Um ano de guerra na Ucrânia

Quem é Vladimir Putin (parte 3)? A alternância na presidência, a ocupação da Crimeia e a escalada de tensão com o ocidente

Saiu da presidência em 2008 para a ela regressar quatro anos mais tarde, fortificado, e tomar em mãos um poder cristalino, absoluto, que lhe permite combater contra o ocidente em cada campo de batalha, desde a Síria até à Ucrânia. O eterno jovem agente da KGB eterniza-se a salvar a Rússia da constante e depressiva ameaça existencial

Antonio Constantino

Tomás Guerreiro

Vladimir Putin esgotou o mandato ao fim de oito anos, em 2008. Chegara o tempo de eleger um sucessor que lhe assegurasse continuidade política. Vários nomes demonstraram-se disponíveis para concorrerem à presidência, mas o primeiro-ministro, Dmitry Medvedev, havia de a conquistar.

Putin distribuiu os cargos executivos da máquina pública pelos seus preciosos siloviki: políticos, burocratas e empresários provenientes dos serviços de segurança e das autoridades militares. Alguns deles perpetuam-se no poder, como é o caso de Sergei Shoigu.

Os siloviki instalaram-se no aparelho público e na administração das empresas estratégicas para o Estado antes das eleições. “Todas as decisões são tomadas por Putin, mas Putin não é uma única identidade. É uma enorme mente coletiva. Todos os dias, dezenas de pessoas, talvez até centenas, tentam predizer quais serão as decisões que Vladimir Putin deve tomar. O próprio pensa bastante nas decisões que deve tomar para que continue popular – para que seja entendido e aprovado pela vasta entidade que é o coletivo Vladimir Putin”, escreve Mikhail Zygar em “Todos os Homens do Kremlin”.