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Dois anos de guerra na Ucrânia

Guerra na Ucrânia: Portugal acolheu mais de 60 mil ucranianos, Governo diz que só 3% partiram mas associações garantem que foram mais

Há dois anos a resposta foi quase imediata: dias após a invasão da Ucrânia, ainda antes da decisão europeia, o Governo português ativou um mecanismo extraordinário para facilitar o acolhimento dos milhares de ucranianos cuja chegada ao país era expectável. “Temporário” esperava quem chegava e quem acolhia. Não foi. Dos muitos que vieram poucos partiram. E estão integrados? O Governo diz que sim

Irina Mospanenko, à esquerda, com os filhos Artem e Darina; à direita, Olga Yarmolyuk e os filhos Vitória e Verónika
Ana Baião

As cunhadas Irina Mospanenko, 32 anos, e Olga Yarmolyuk, 36, e os filhos Artem, de 11, Darina, 3, Vitória, 11, e Verónika, 5, foram até há uns meses a regra. Fugiram da Ucrânia para Portugal para encontrar refúgio quando a invasão russa começou. Agora, desde agosto, são a exceção. Regressaram a casa, a Slavuta, uma cidade entre Kiev e Lviv. Sabiam que os apartamentos onde viviam não foram atingidos pelos bombardeamentos e arriscaram. Estão mais próximas dos maridos, ambos na frente de combate, um em Donetsk, outro em Zaporijia, mas já sem uma Europa inteira a separá-los.Tinham a vida feita em Portugal, mas a guerra já levava mais tempo do que aquele que elas conseguiram aguentar à espera da paz.