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Dois anos de guerra na Ucrânia

Guerra na Ucrânia: Mariia já viu muito, mas nada a preparou para Mariupol, para as “crianças traumatizadas” e para a “dor humana”

Era “suposto” que as cidades que adultos e crianças conheciam como a palma das mãos fossem um porto seguro, mas o trauma fala muitas vezes mais alto, revela Mariia Artenova, que faz trabalho humanitário na Ucrânia. Em entrevista, a funcionária da Unicef deixa um alerta sobre o que viu nestes dois anos de guerra, e garante que a saúde mental das crianças e dos pais foi profundamente afetada. O Expresso publica uma série de artigos sobre os dois anos de guerra na Ucrânia: análises, história, testemunhos e reportagens para entender o conflito
Olena Hrom

Mariia Artenova começou a fazer trabalho humanitário em 2014, em Donetsk, no leste da Ucrânia. Está na Unicef há três anos. “Eu mesma sou do leste da Ucrânia, por isso tive de me mudar várias vezes. Na verdade, não falamos muito sobre isso porque nos concentramos nas pessoas que ajudamos, mas nós também ficamos deslocados. Cada trabalhador da ONU ou agente de trabalho humanitário já perdeu alguém nesta guerra.”

A confissão que a especialista em emergências faz, antes da entrevista, é depois substituída pelo relato do sofrimento alheio: foi na Ucrânia, mais concretamente junto das pessoas retiradas de Mariupol, a cidade sitiada nos primeiros meses de guerra, que viu “a maior concentração de dor humana”.