Guerra na Ucrânia

Empresário russo ligado à Gazprom encontrado morto na piscina da sua mansão: é o nono milionário a morrer em circunstâncias por apurar

Yuri Voronov, de 61 anos, foi encontrado morto na sua mansão, nos subúrbios de São Petersburgo. O empresário liderava uma empresa de transportes que tinha contratos com a gigante russa de gás Gazprom. Voronov foi encontrado na piscina de sua casa com uma bala na cabeça, tornando-se o sexto oligarca russo ligado à Gazprom a morrer - e o terceiro no mesmo subúrbio de São Petersburgo - em circunstâncias misteriosas desde o início do ano

Pelo menos seis das mortes já reportadas dizem respeito a funcionários de grandes empresas de energia russas
KIRILL KUDRYAVTSEV

Foi encontrado morto, e em circunstâncias misteriosas, mais um empresário russo multimilionário. Durante a tarde de segunda-feira, Yuri Voronov, de 61 anos, foi morto a tiro na sua mansão nos subúrbios extremamente ricos de São Petersburgo. O empresário russo tinha um ferimento de bala na cabeça, e, ao seu redor, encontrava-se uma arma semiautomática Grand Power e vários cartuchos gastos no fundo da piscina. É o mais recente membro da elite ligada à gigante de energia Gazprom a morrer desde o início do ano. Yuri Voronov liderava uma empresa de logística que mantinha contratos com a Gazprom no Ártico.

Mortes envoltas em mistério de antigos funcionários de empresas de energia

Yuri Voronov é o sexto empresário russo ligado à Gazprom a morrer em circunstâncias misteriosas desde o início do ano, sendo que dois morreram no mesmo subúrbio de São Petersburgo. Mas há mais dados biográficos em comum: as já nove mortes com circunstâncias por apurar desde o início de 2022 também tiveram como alvos oligarcas ligados às empresas Novatek e Lukoil. A exceção à regra terá sido Vasily Melnikov, dono da empresa de equipamento médico MedStom, mas cuja morte também mereceu atenção mediática, com os investigadores a apontarem a causa de sempre: morte auto-infligida. Vasily Melnikov e a sua mulher, bem como os filhos de quatro e dez anos de idade, foram encontrados esfaqueados a 23 de março.

O Comité de Investigação da Rússia está a apurar as circunstâncias da morte de Voronov, e já adiantou, de acordo com o jornal "The Independent", que atribui, para já, o homicídio a uma "disputa com parceiros de negócios".

A mulher de Yuri Voronov teria dito aos investigadores que o empresário acreditava que empreiteiros e parceiros estariam a roubar-lhe "muito dinheiro". Contudo, várias mortes em outras mansões perto de São Petersburgo levantaram rumores de que os assassinatos estariam a ser encenados para parecerem suicídios.

Alexander Tyulakov, também de 61 anos, alto funcionário financeiro e de segurança da Gazprom, foi encontrado enforcado na sua casa no empreendimento exclusivo Leninsky por um companheiro, em fevereiro. Os investigadores concluíram que Alexander Tyulakov se matou, mas a imprensa local observou que o corpo mostrava sinais de espancamento, sugerindo, por isso, que o enforcamento teria sido encenado.

É preciso recuar a antes do início da guerra na Ucrânia para seguir o rasto destas mortes misteriosas. Três semanas antes, no mesmo conjunto habitacional, Leonid Shulman, de 60 anos, foi encontrado morto com facadas, na casa-de-banho da sua casa. Shulman chefiava os transportes da Gazprom Invest, uma filial da gigante de energia que lida com os seus projetos de investimento. A "Business Insider" escrevia, nessa altura, que foi deixada uma nota de suicídio no local, mas cuja autenticidade era questionável.

Um mês depois, na manhã de 25 de fevereiro, foi encontrado o corpo de outro funcionário da Gazprom: Alexander Tyulyakov. A polícia terá sido afastada do local por seguranças da Gazprom. Mais tarde, o suicídio foi apontado como causa aparente.

No início de março, um oligarca nascido na Ucrânia foi encontrado morto também em sua casa. Mikhail Watford tinha 66 anos e fez fortuna no petróleo e no gás.

Em abril, dois oligarcas russos foram encontrados mortos junto das suas famílias com apenas um dia de intervalo: Vladislav Avayev e Sergei Protosenya. Vladislav Avayev, antigo vice-presidente do Gazprombank, foi encontrado com ferimentos de bala, no seu apartamento em Moscovo. De acordo com os investigadores, Avayev terá disparado sobre a mulher e a filha, antes de atirar sobre si mesmo. A pouco mais de três quilómetros de distância, Sergei Protosenya, ex-membro do conselho de administração da empresa de gás natural Novatek, foi também encontrado enforcado, e a mulher e filha esfaqueadas até à morte.

Já o multimilionário e antigo executivo da gigante de energia Lukoil, Alexander Subbotin, tinha 43 anos, quando foi encontrado morto, em maio deste ano, na cave de um xamã em Mytishchi, depois de sofrer um aparente ataque cardíaco. No mesmo mês, Andrei Krukovsky morreu ao cair de um penhasco. Tinha apenas 37 anos e era o diretor do resort Krasnaya Polyana.

Contactos e serviços disponíveis para prevenção do suicídio:

SOS VOZ AMIGA (16h-24h): 213 544 545 / 912 802 669 / 963 524 660 / 800 209 899 (21h-24h, linha verde gratuita)

CONVERSA AMIGA (15h-22h): 808 237 327 / 210 027 159

VOZES AMIGAS DE ESPERANÇA DE PORTUGAL (16h-22h): 222 080 707

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