Esta terça-feira, o Presidente da Ucrânia deu o maior sinal desde o início da guerra de que está disposto a fazer cedências nas negociações com Moscovo. Em entrevista ao canal norte-americano ABC, Zelensky mostrou abertura para deixar cair a adesão à NATO e a discutir o estatuto da Crimeia, Donetsk e Luhansk.
Também esta terça-feira, o líder ucraniano fez uma intervenção inédita no parlamento britânico. Por videoconferência, Zelensky citou Shakespeare, Churchill e recontou os 13 dias de “terror” na Ucrânia.
“Não vamos desistir e não vamos perder. Vamos continuar a lutar até ao fim”
Volodymyr Zelensky, durante intervenção na Câmara dos Comuns
O Reino Unido e os Estados Unidos anunciaram durante a tarde que vão parar de importar petróleo e gás natural da Rússia. A Comissão Europeia fez um proposta semelhante, estimando reduzir em dois terços até ao final do ano as importações de gás. Segundo o “The Guardian”, a UE terá também preparado um novo pacote de sanções que irá afetar mais oligarcas e políticos russos, assim como bancos da Bielorrússia.
Durante o dia, mais marcas aderiram ao boicote económico à Rússia. McDonalds, Pepsi, BP e Shell foram as mais recentes empresas a suspender operações no país.
Em resposta às sanções, Putin lançou medidas para atenuar os impactos das sanções económicas e ameaçou cortar o fornecimento de gás à Alemanha.
A China continua a não manifestar-se sobre a invasão, mantendo boas relações com Moscovo. No entanto, foi noticiado que o governo chinês está a censurar as notícias sobre a guerra, tendo dado ordens aos orgãos de comunicação social para que não publiquem “qualquer conteúdo que seja desfavorável à Rússia e favorável ao Ocidente”.
A Polónia propôs entregar os seus aviões MIG-29 aos EUA. Varsóvia pretende que as aeronaves sejam colocadas numa base norte-americana localizada na Alemanha e posteriormente doados à Ucrânia. A proposta foi no entanto descartada pelos EUA, que dizem não ter sido contactados pelo governo polaco antes de terem anunciado esta intenção.
(Foto: Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images)
No teatro de operações, as forças ucranianas abateram um general russo em Kharkiv. É a segunda alta patente do exército russo a perder a vida desde o início da invasão.
Para esta quarta-feira, Moscovo voltou a anunciar um cessar-fogo local a partir das 9h00 para possibilitar a saída da população de cinco cidades (Kiev, Chernihiv, Sumy, Kharkiv e Mariupol). Desde o fim de semana que têm sido declaradas tréguas sucessivas para a evacuação de civis, mas todos os dias repetem-se relatos de incumprimento por parte das forças russas.
Esta terça-feira foi possível retirar civis de Irpin e Sumy. Em Mariupol centenas de milhares permanecem encurralados sem abastecimento de água, comida ou energia. A rota de evacuação desta cidade terá sido bombardeada esta terça-feira.
O conflito em números:
- Pelo menos 406 civis foram mortos e 801 ficaram feridos desde o início da invasão da Ucrânia. Há 38 crianças entre as vítimas mortais (Fonte: ONU)
- Número de refugiados ultrapassou os dois milhões, a maioria a procurou refúgio na Polónia (Fonte: ONU)
- Um milhão de crianças fugiram da Ucrânia desde a invasão (Fonte: Unicef)
- Estima-se que tenham morrido “entre 2.000 e 4.000” soldados enviados por Moscovo na Ucrânia desde o início da ofensiva (Fonte: Pentágono)
- “Treze ou catorze mil” cidadãos russos foram detidos por protestar contra a invasão (Fonte: CIA)
- No Dia Internacional da Mulher, ficámos ainda a saber que o exército ucraniano que está atualmente a combater a invasão é composto em mais de 15% por mulheres (Fonte: Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia)
Outras histórias desta terça-feira:
- Ocupação de centrais nucleares é estratégica e inédita durante uma guerra. “A população tem medo da palavra ‘nuclear’. E se deixa de haver eletricidade e água, a situação torna-se impossível”
- ‘Z’: o que significa o símbolo que está a ser usado por militares russos e apoiantes da invasão da Ucrânia?
- Embaixada da Rússia reage ‘diplomaticamente’ à iluminação da fachada com as cores da Ucrânia. Seixas da Costa fala em “protesto cívico criativo”
- “Já estou no terreno, é tudo o que vos posso dizer”: L. Paulino era bombeiro no Dafundo até decidir ir para a Ucrânia combater. Está com gente de “toda a parte do mundo”
- Neonazi Mário Machado anuncia que vai combater para a Ucrânia (e espera que o juiz altere a medida de termo de identidade e residência)