O governo da China está a censurar a cobertura mediática da Guerra na Ucrânia, retirando do ar notícias e reportagens fidedignas feitas por órgãos de comunicação social e “amplificando de forma sistemática” as narrativas falsas produzidas por Vladimir Putin para justificar a invasão russa da Ucrânia. A informação é avançada pelo jornal digital norte-americano Axios.
Segundo a publicação, o poder central em Pequim notificou os órgãos de comunicação social chineses para não publicarem “qualquer conteúdo que seja desfavorável à Rússia e favorável ao Ocidente” nas redes sociais, e para só utilizarem hashtags criadas por órgãos de informação pertencentes ao estado. A Axios cita uma directiva estatal que foi entretanto partilhada online – nomeadamente pelo jornal “China Digital Times”.
Chinese state media China Daily shares this about Putin today, as he wages a war and kills innocent civilians, women and children in Ukraine. I cannot.. pic.twitter.com/23fv9VqmJ2
— Roy Ngerng 鄞義林 (@royngerng) March 8, 2022
Ao mesmo tempo, comentários online feitos por cidadãos chineses a expressar solidariedade pelo conflito na Ucrânia foram apagados, sendo que nos últimos dias tem havido uma avalanche de comentários e partilhas a defender a atuação de Putin – incluindo conteúdos produzidos por órgãos de propaganda do Kremlin.
Aliás, este sábado, o discurso pacifista do Presidente do Comité Paralímpico durante a cerimónia de abertura do Jogos Paralímpicos de inverno de 2022, em Pequim, foi censurado na televisão chinesa.
Uma exceção a esta tendência parece ser o TikTok: a rede social chinesa imitou plataformas ocidentais como o Facebook ou o Twitter e bloqueou novos uploads por parte de utilizadores russos e suspendeu as contas de órgãos de propaganda do Kremlin, sublinha esta terça-feira o jornal “South China Morning Post”.
Também esta terça-feira, o presidente chinês pediu “contenção máxima” no conflito ucraniano. Citado pela televisão estatal chinesa, Xi Jinping disse que a situação no país é “preocupante” e garantiu que a China está “magoada por ver as chamas da guerra a reacenderem-se na Europa”. A China não define a atual Guerra na Ucrânia como uma “guerra”, mas sim como um conflito.