Pernambuco, terra natal de Lula da Silva, está em êxtase para acolher a 'Caminhada da Esperança' do candidato presidencial, onde são esperadas, nesta sexta-feira, em Recife, quase 200 mil pessoas, disse à Lusa a organização.
Destes milhares de pessoas que se vão juntar a partir das 11:00 locais na Avenida Treze de Maio na capital do estado, duas vieram de Brasília só com uma missão: abraçar Lula. Rubens e Lara, um casal de 20 e 21 anos, respetivamente, são, tal como Lula, pernambucanos, a viver em Brasília, algo que Luiz Inácio Lula da Silva já fez, enquanto Presidente, e ambiciona fazer outra vez.
"O Nordeste é Lula, não tem jeito", diz Lara, à Lusa, acrescentando que vai usar uma 't-shirt' vermelha, símbolo do Partido dos Trabalhadores, com cara de Lula.
Por outro lado, o namorado, Rubens, vai optar pela cor branca, porque concorda com a opinião da senadora Simone Tebet, terceira classificada na primeira volta das presidenciais de 2 de outubro, e que entretanto declarou o seu apoio a Lula.
O apelo de Tebet, de centro-direita, para "tirar o vermelho da rua" para não assustar eleitores conservadores, parece ter funcionado e não só com Rubens: Lula tem sido visto nos comícios de campanha a usar a cor branca, que identificou como de paz.
"O nordestino salvou o Lula no primeiro turno", destaca, orgulhosa, Lara. De facto, a vantagem de Lula para o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, foi de cerca de seis milhões de votos, em todo o país.
A região do Nordeste do país, tradicionalmente aliada ao Partido dos Trabalhadores (PT), deu a Lula da Silva uma vantagem de mais de 9,7 milhões de votos em relação a Bolsonaro. Lula garantiu 66,7% dos votos contra 27% de Bolsonaro, em todo o Nordeste.
Também à Lusa, o presidente do Partido dos Trabalhadores do estado de Pernambuco, Doriel Barros, garante que a cidade do Recife tem uma "expectativa enorme em ver Lula".
"Pernambuco tem uma relação muito forte com Lula, sempre que se fala de Lula é algo impressionante, as pessoas têm um sentimento de pertença, tanto por ele ser daqui e por tudo o que ele fez por aqui", considera o camarada de partido de Lula.
A expectativa da campanha é de que os 65,3% de Lula da Silva, contra 29,9% de Bolsonaro, possam aumentar no dia 30 de outubro.
"Dá para reverter o voto", dos que votaram nulo, mas também de evangélicos e de uma parte da classe média que votou em Bolsonaro. "Nem todos esses que votaram nele são bolsonaristas", aposta Doriel Barros.
Segundo o responsável, a conjuntura estadual favorece Lula. "Desta vez ele [Bolsonaro] aqui não vai ter palanque", lembra, numa alusão às eleições para governador do estado que também vão acontecer a 30 de outubro.
Nenhuma das duas candidatas que passaram à segunda volta das eleições no estado demonstrou apoio a Bolsonaro, o que o enfraquece nas ações de campanha, como se viu, na quinta-feira, no Recife, onde o Presidente brasileiro participou num comício com pouca adesão popular.
A candidata do PSDB (partido de centro-direita), ao Governo de Pernambuco, Raquel Lyra afirmou, na quarta-feira, que não vai declarar apoio na segunda volta das presidenciais.
Já Marília Arraes (Solidariedade) anunciou o seu apoio ao antigo chefe de Estado Lula da Silva e deverá marcar presença hoje na 'Caminhada da Esperança' do candidato presidencial.
"Vergonhoso para ele [Bolsonaro], com muito pouca gente", diz Doriel Barros.
"Nós, amanhã [hoje], vamos mostrar como é que se faz", garante.
Na quarta-feira, depois de visitar um complexo de favelas no Rio de Janeiro, Lula da Silva foi para Salvador, a capital do estado nordestino da Bahia, que vai também escolher um novo governador e onde foi recebido por um mar de gente para uma caminhada entre as principais ruas da cidade.
Na quinta-feira, participou em mais uma ação de campanha em Aracaju, estado de Sergipe, seguindo depois para Maceió. Nesta sexta-feira, estará no Recife, no estado de Pernambuco, onde nasceu.
No Recife esteve, na quinta-feira, o rival Jair Bolsonaro, que procurou convencer "aqueles que votaram no partido das trevas a mudar o seu voto".
Bolsonaro, antes de seguir para São Paulo, encontrou-se ainda com líderes religiosos da cidade.
Deverá ainda regressar no fim de semana ao nordeste para ações de campanha nos estados do Ceará e do Piauí.
Luiz Inácio Lula da Silva venceu a primeira volta das eleições com 48,4% dos votos e Jair Bolsonaro recebeu 43,2%, pelo que os dois candidatos terão de se enfrentar numa segunda volta marcada para 30 de outubro.