Da noite eleitoral deste domingo, no Brasil, não saiu nenhum grande vencedor do primeiro turno. Lula e Bolsonaro, os dois candidatos presidenciais mais votados, vieram a público cantar, em tons muito diferentes, as suas vitórias, ainda que bem menos sonantes do que aquelas que esperavam alcançar.
Lula conseguiu uma vantagem superior a seis milhões de votos face a Bolsonaro, o que é uma margem considerável e que lhe dá alguma folga, mesmo num país à escala continental como é o Brasil. Por sua vez, os resultados permitiram a Bolsonaro levar a decisão para o prolongamento e descredibilizar as sondagens, uma vez que as pesquisas lhe atribuíam uma votação inferior e esboçavam o cenário de nem haver uma segunda volta.
Se as vitórias são parciais, há, no entanto, dois totais derrotados. O primeiro, comenta o jornalista brasileiro João Gabriel de Lima, é Ciro Gomes, ao não conseguir afirmar-se como a “terceira via” e ter sido até superado por Simone Tebet. Mas quem mais perdeu, defende o colunista do “Estadão” e repórter que colabora com a revista “Piauí”, foi mesmo o centro-direita, nomeadamente o PSDB, completamente “varrido pelo bolsonarismo”.
E, agora, para que lado irão cair os oito milhões de votos que Ciro Gomes e Simone Tebet, juntos, representam? Qual a dimensão dos votos envergonhados que Bolsonaro tem na manga e que fintam as sondagens? Qual será a importância de Minas Gerais, o maior e mais decisivo “swing state” do Brasil? Que temas vão marcar a campanha até 30 de outubro? Quem são muitos dos 32 milhões de abstencionistas e em quem podem votar no segundo turno? Eis as respostas de João Gabriel de Lima, especialista em Política Comparada, em entrevista ao Expresso.