Desde que Lula da Silva foi eleito para um terceiro mandato presidencial, o futuro de Dilma Rousseff, a única mulher que foi Presidente do Brasil, começou a ser debatido, como se de uma urgência se tratasse. Lula e Rousseff são da mesma geração e partilham um longo caminho de cumplicidades e luta política.
Em dezembro, a imprensa brasileira mencionou o nome de Dilma Rousseff como a mais provável futura embaixadora do Brasil no nosso país. Portugal é um posto de grande prestígio para a hierarquia da diplomacia brasileira. O ex-Presidente do Brasil Itamar Franco foi embaixador do Brasil na capital portuguesa entre 1995 e 1996, depois de abandonar a chefia do Estado.
Esta quinta-feira, dia da chegada do Presidente brasileiro aos Estados Unidos a convite de Joe Biden, o nome de Dilma Rousseff, economista de 75 anos, volta a ser apontado para um cargo internacional de relevo: a presidência do Banco dos BRICS, sediado em Xangai.
A Agência Globo diz que Lula da Silva “deve indicar a ex-Presidente Dilma Rousseff para a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS (NBD). A instituição é conhecida como Banco do Brics, grupo de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul”.
O assunto está a ser tratado pelo ministro da Fazenda (Finanças) brasileiro, que acompanha Lula na sua viagem aos Estados Unidos. Fernando Haddad tem mantido conversações com o atual presidente do banco, Marcos Troyjo, sobre a substituição. “Lula buscava um cargo [de prestígio] para Dilma fora do país, mas que não a colocasse como funcionária do governo no exterior.”
O Banco dos BRICS nasceu na Cimeira de Fortaleza, em 15 de julho de 2014, e entrou em vigor no dia 3 de julho de 2015. Com sede em Xangai e um escritório regional em Johanesburgo, tem por missão apoiar financeiramente “projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável, públicos ou privados, nos países do BRICS e em outras economias emergentes e países em desenvolvimento”.
O futuro político de Rousseff tem sido tema aberto desde que foi destituída da presidência, em 2016. A ex-governante tentou regressar como senadora pelo estado de Minas Gerais, nas eleições de 2018, e chegou a estar à frente nas sondagens. No entanto, ficou em 4º lugar no sufrágio.
EUA não querem Brasil no Conselho de Segurança
As notícias da indigitação de Rousseff para a liderança do Banco dos BRICS coincidem com o primeiro dia da visita do Presidente do Brasil aos Estados Unidos, a convite do seu homólogo norte-americano.
Se a questão ambiental e o desejo de que a democracia vença populismos de direita são comuns a Lula e Biden, os Estados Unidos não veem com tão bons olhos as boas relações do Brasil com a Rússia e a China, seus pares no clube dos BRICS, nem a vontade política que o Brasil e Lula têm de alcançar um lugar no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A bênção americana seria mais fácil se o Brasil não partilhasse uma visão revisionista da política externa mundial com potências tão fortes quanto a China, Índia, Rússia e África do Sul.