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MPLA não quer “prejudicar o seu poder hegemónico”: as sempre adiadas autárquicas em Angola em quatro perguntas e respostas

A governar o país há quase meio século, o partido segue “uma estratégia minuciosa de manutenção do poder”. Por isso, mesmo havendo “uma consciência no seio do MPLA de que, mais tarde ou mais cedo, estas eleições têm de ser realizadas”, acaba por vingar o desejo de o partido não sair prejudicado de umas autárquicas futuras, diz investigadora ao Expresso

José Eduardo dos Santos e o então candidato presidencial do MPLA, João Lourenço, dão as mãos durante o comício de encerramento da campanha em Luanda, a 19 de agosto de 2017
MARCO LONGARI/AFP/Getty Images

Em quase meio século de independência, Moçambique realizou seis eleições autárquicas, as últimas das quais há menos de um mês, ainda que com acusações de fraude e protestos violentos. Nos mesmos 48 anos, as autárquicas em Angola tornaram-se uma promessa permanentemente adiada. Foi assim com José Eduardo dos Santos e tem sido assim com João Lourenço.

Em entrevista ao Expresso, publicada a 2 de junho, João Lourenço considerou “arriscado” fixar uma data. Questionado sobre a existência de condições para a institucionalização das autarquias a partir de 2024, o Presidente angolano respondeu: “Tudo depende da nossa capacidade material, financeira e de organização. Acho arriscado falar em datas. Enquanto a Assembleia Nacional não concluir este processo da aprovação das leis, é melhor nem sequer fazer comentários. Às vezes cansam-me com este tipo de perguntas. Quando é que vai haver eleições autárquicas? Eu não posso convocar eleições autárquicas sem que seja na base da lei”.